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Coruripe: Como Marcelo frita Marx em fogo brando?

O decreto de emergência administrativa assinado pelo prefeito de Coruripe, Marcelo Beltrão, abre desde já a disputa familiar pela vaga de deputado federal, hoje ocupada pelo primo de Marcelo, Marx.

O prefeito de Coruripe saiu das eleições como a maior liderança política do litoral sul alagoano. Posto que, por décadas, só era ocupado pelo temido deputado estadual João Beltrão, pai de Marx.

Marcelo venceu na terra onde João cresceu politicamente, Coruripe. Ajudou a derrotar os Beltrão do João também em Jequiá da Praia.

Marx buscou reacender o método “João Beltrão” na campanha do ano passado, só que no imaginário popular, onde o pai é amado e temido. Errou a mão. Venceu Marcelo, o Beltrão paz e amor.

Após uma transição pacífica, depois da posse, Marcelo alega não ter tido acesso a vários documentos da gestão de Joaquim Beltrão, irmão de João. Daí o decreto de emergência.

Politicamente, este decreto serve para esticar o desgaste dos Beltrão representados por Marx que buscará reeleição. Muito mais difícil que em 2018.

Sem eleger os da casa em Coruripe e Jequiá da Praia, Marx terá um caminho ainda mais complicado em outras cidades alagoanas. Em Maceió, por exemplo, foi o sexto deputado federal mais votado em 2018 mas não ajudou a garantir a vitória do seu candidato a prefeito, Alfredo Gaspar de Mendonça.

Em Delmiro Gouveia foi o mais votado entre todos os deputados federais  – quase o dobro do segundo colocado, Isnaldo Bulhões. Só que, dois anos depois, não conseguiu reeleger padre Eraldo na Prefeitura.

Além disso, Marx é responsável pelas indicações na Secretaria Estadual de Agricultura, uma pasta que ao longo dos anos perdeu importância, apesar de ainda contar com certa capilaridade em áreas rurais e entre produtores.

Marx tem pela frente um adversário poderoso na terra que era do João. Marcelo não deve apoiá-lo a federal. O ex-ministro do Turismo que se lançou ao Governo no palanque de Coruripe e tinha certeza da vitória na Prefeitura pode ficar sem nada daqui a dois anos. Marcelo frita Marx em fogo brando. A vingança, neste caso, é um prato quente, devorado pelas beiradas. O prefeito de Coruripe controla o tempo de cozimento do primo que deve buscar saídas, é claro.

Marx, porém, ainda não sabe como pular fora desta panela.

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