BLOG

Convocação aos professores, Bolsonaro não!

Três décadas de experiência em escolas públicas me autorizam afirmar que a fala do candidato Bolsonaro com relação a materiais que incentivam e promovem homossexualidade é mentirosa, perversa e fruto de estratégia espúria de coerção das famílias de boa fé, contra professores.

Tudo o que este candidato utiliza nesta campanha, é instrumental conhecido por quem estuda história e poder, pois o alvo do seu discurso e prática eleitoreira é o senso comum, promovendo moralismos e pavor, incita o primitivismo como recursos de defesa, que o mesmo promete institucionalizar.

Mas este diálogo se pretende focar na escola e nos professores.

Colegas de trabalho, luta, labuta e tantas vezes desditas, nós somos multidões! Se recusarmos veementemente votar neste que afeta e descredencia nosso território de atuação profissional com leviandades ditas em rede nacional, a partir de um livro montado por suas equipes fanáticas, podemos reduzir o percentual de intenções de votos neste mal exemplo de homem.

Tomemos como missão desmistificar as mentiras de Bolsonaro sobre ideologia de gênero e didáticas da homossexualidade, dizendo sonoros e garrafais “nãos” à sua candidatura!

Se você tem um líder religioso que prega estas inverdades, não se submeta ao crivo desse desrespeito por nossa profissão, se rebele, desobedeça, e honre nossa história com posturas políticas dignas de verdadeiros mestres e mestras!

Homossexualidade não se ensina. Assim como heterossexualidade não pede passo a passo. Ou se é gay ou hétero, ou bissexual, simplesmente!

Se você professor votar neste candidato, estará assumindo esta mentira como se fosse verdade, e valorizando a opressão e perseguição que os fanáticos estão se dando o direito de aplicarem a nós.

O professor ou professora de escola pública que já trabalhou com algum kit gay levante a mão e prove onde fez isso! Pois pelos meus olhos jamais passaram materiais semelhantes.

O Escola Sem Partido é um movimento apoiado pelo candidato Bolsonaro e seus familiares beligerantes, que há pelo menos três anos estão tocando terror, acusando professores de doutrinar, perverter e espalhar a onda comunista nas salas de aulas, quando na verdade, nós enfrentamos um dos piores cotidianos, para ensinar os conteúdos básicos das disciplinas e sair com alguma esperança no futuro do país, pois é nas mãos dos docentes que desaguam as carências estruturais das escolas, os conflitos relacionais dos alunos e suas famílias e toda uma política de sucção da força física e energia mental denominada carga horária.

Particularmente, talvez se fosse humanamente possível um professor doutrinar, com certeza iríamos doutrinar os alunos a gostar de estudar, ler e interpretar textos, resolver desafios matemáticos, situar geograficamente a existência, e outras coisas boas para todos nós. Mas não dá tempo doutrinar! Mal temos tempo para ensinar a ler e escrever, enquanto migramos de um lado a outro das cidades cumprindo horário!

É de torcer o estômago ver Bolsonaro acusando professores! Ver professores perseguidos por seus discípulos! Ameaçados por pais coagidos pelos discursos inflamados de ignorância de líderes religiosos irresponsáveis, que incitam o ódio, a mentira e a intolerância!

Eu conheço a sua rotina, colega professor, e sei que às vezes nem dá tempo parar e pensar, porque você se tornou ativista. Mas o que se anuncia para nossa profissão é tenebroso. Por lidarmos com os saberes, que são as chaves da libertação humana, Bolsonaro prepara um tribunal inquisitório para nos punir.

Ainda há tempo para o levante! Tomemos nossas armas para o poder do nosso uso: livros! Exibamos nossa defesa, nossa fortaleza: conhecimento!

De modo ostensivo o Brasil quer continuar te respeitando como mestre, e te ouvir gritar: Bolsonaro não!

SOBRE O AUTOR

..