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Construção da Alma Alagoana, 2ª edição a revisitar Graciliano

O trabalho literário é contínuo. As brechas para o descanso ficam melhor preenchidas quando a leitura e a escrita nelas se inserem, formando amálgama prazeroso, na edificação dos nossos sonhos.

Estou neste ofício de trabalho e amor.

Reescrevendo e atualizando o livro Construção da Alma Alagoana: de Graciliano aos nossos dias, de minha autoria e lançado em primeira edição no ano de 2013; quando outro momento de releitura propiciou a escrita do mesmo, haja vista seja uma derivação do meu Trabalho de Conclusão de Curso em Ciências Sociais, fase na qual emergiu um relacionamento novíssimo com Graciliano Ramos, autor a quem hostilizei com comentários magoados desde os meus 13 anos de idade, após uma professora de Língua Portuguesa obrigar toda a turma a fazer um resumo de Vidas Secas, a pior obra para aquele período de leitora no qual me encontrava, em completa afinidade com Machado de Assis e José de Alencar, a secura do velho Graça causticou meu olhar.

No período do vestibular fui novamente obrigada a ler Graciliano, desta vez o livro São Bernardo, com o qual já lidei mais favoravelmente, talvez porque seja mesmo necessário abertura interior e nível cultural de entendimento compatível para que livro e leitor possam formar belo par.

Assim sendo, na saída da graduação, a professora doutora Sônia Cândido, me conduziu a um encontro marcado por ela, com Graciliano Ramos, em sua sala de apartamento no bairro da Ponta Verde,  em Maceió, no edifício de traço alaranjado do qual jamais poderei esquecer.

Ali ela me entregou Infância, a autobiografia do autor, que serviu de ponte para uma estreita reconciliação. Sua percepção de que havia um elo entre a história de Graciliano e minha rotina profissional como docente pelos rincões das Alagoas e periferias maceioenses, foi assertiva.

Um TCC brotou bravamente, entre as brechas das sessenta horas semanais em sala de aula, com crianças e adolescentes.

O trabalho e o amor foram elementos dessa escrita, e não dá para modificar essa estrutura, sobre a qual atuaram as teorias sociológicas e filosóficas, em benefício da história alagoana, outro elo que aprendi a respeitar: Graciliano e eu somos nascidos na mesma terra! Um conterrâneo ilustre na escrita a me inspirar leituras e outras linhas, sempre afinadas com a história do lugar.

Assim nasceu Construção da Alma Alagoana, um trabalho imperfeito e humilde, mas desejoso de aprimoramento, de atualização e crescimento historiográfico, cultural, humanitário.

Este trabalho está sendo gestado nas brechas do cotidiano, onde a sobrevivência reclama presença e criatividade diante de públicos tão variados e situações tão desafiadoras, no chão duro que nunca me assustou de verdade, sobre o qual edifico meus suores.

Ao leitor a alegria de receber incentivo que funciona em propulsão, rumo à gratidão constante.

Ao velho Graça esse pretexto de revisitação, para afirmar a alagoanidade que pulsa em eterna construção; a social, cultural, histórica e desafiadora identidade local.

A Alagoas, mais uma obra a depositar aos pés de quem deseja saber.

 

 

SOBRE O AUTOR

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