Coaracy Fonseca: A trinca de três

Coaracy Fonseca é promotor de Justiça e ex-procurador Geral de Justiça

Ontem fiz uma sustentação oral no CNMP em defesa dos promotores de Justiça de Alagoas.

O processo tratava de promoção por merecimento ao honroso cargo de Procurador de Justiça. Que exige um currículo vasto, além de cursos de aperfeiçoamento.

Logo cedo, recebi mensagem de uma ilustre promotora de Justiça, do mais alto gabarito intelectual, desejando-me a proteção do Espírito Santo. Agradeci humildemente.

O eminente PGJ já se encontrava há três dias em Brasília, conforme sua fala da tribuna, distribuindo
memoriais nos gabinetes dos conselheiros para defender a promoção que reputo nula, a batalha jurídica ainda não acabou. O PGJ limitou-se a agredir-me verbalmente.

A toda evidência eu não tinha condições de fazer o mesmo, com recursos próprios.

Para um promotor de Justiça, levar uma demanda ao CNMP contra a administração superior da Instituição não é nada fácil.

É trabalho árduo, há uma grande desvantagem de forças, mesmo que não seja no campo jurídico.

Ora, se estivesse um promotor de Justiça à frente do MPAL os critérios de merecimento seriam observados desde a origem, não tenho dúvida. Os colegas assistiram à sessão. Para bom entendedor meia palavra basta.

Os promotores de Justiça constituem a maioria dos membros da instituição e devem presidi-la.

Há muito abandonei a política institucional, dei a minha contribuição ao MP alagoano, mas continuo a defender a união dos promotores de Justiça, para que um deles seja guindado ao cargo de Procurador-geral, como eu fui aos 35 anos.

Por derradeiro, lembro que política institucional não se faz com o fígado, mas através do diálogo e boas parcerias. Tudo começa com um aperto de mão.

A trinca de três, como se falava noutros tempos, nunca se fez tão necessária. O passarinho está nas mãos. O que se teme mora no outro lado do medo.

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