Conhecido por organizar vaquejadas e leilões de animais em Alagoas, Cícero Andrade, do Rancho Vale Rico, foi preso após câmera de segurança mostrá-lo atirando na areia da praia do Francês contra um garçom e o dono de um bar. Ele estaria assediando uma funcionária.
No meio do caminho desta história havia uma arma. Armas cujo uso são fartamente incentivados pela família presidencial, a bancada da bala e, claro, a indústria por detrás desse mecanismo.
O programa Pátria Armada, de Jair Bolsonaro, constrói a narrativa da necessidade do “cidadão de bem” usar armas para se defender dos “bandidos”, incluindo os governadores.
Talvez por isso Alagoas lidere, no Nordeste, o ranking do registro de armas de fogo.
Em 2020 foram 8.774 novas armas, segundo a Polícia Federal, 1.186 delas para cidadãos comuns.
A compra de armas cresce assustadoramente no país desde 2018.
Mais armas mais homicídios.
Nos 3 dias do carnaval da pandemia em Alagoas foram mais 12.
Todos os mortos eram bandidos?
Até aqui a banalização das armas para todos segue intacta e um aparato de força bruta vai surgindo e ameaçando mais e mais pessoas.
Na praia do Francês Cícero Andrade estava armado e atirou em pessoas desarmadas. E se elas estivessem com um revólver na mão? E se um policial estivesse no local tentando uma saída pacífica e fosse atingido por um tiro?
Está na hora de decidirmos como vamos conviver com banhos de sangue nas ruas numa democracia.
Ou se estaremos vivos para contar essa história.