O desaparecimento do servente de pedreiro Jonas Seixas da Silva reflete os tempos coloniais das nossas instituições, pagas a peso de ouro e cujos resultados estão aquém de salvaguardar a democracia em Alagoas.
Um atraso que anda de mãos dadas com a impunidade. Dois fenômenos que são sinônimos, num país onde a violência é tratada como artigo de decoração, está na nossa paisagem social, é normalizada principalmente aos mais pobres (violência do Estado) porque “sempre foi assim” ou “Deus decidiu desse jeito”.
Policiais militares são acusados de sumirem com Jonas no dia 9 de outubro. E as instituições agiram por ofício, ou seja, mandando papel umas para as outras, cobrando explicações, um ato muito mais da nossa burocracia que a busca por uma solução, de fato.
É doloroso ouvir dona Claudineide, mãe de Jonas, dizer que não espera mais encontrar o filho vivo e só quer enterrá-lo.
É uma declaração pública do fracasso não de uma mãe, mas de uma civilização.
Em agosto de 2004, o filho do seu Sebastião foi arrastado e assassinado por policiais e o corpo foi roubado do IML e ninguém está preso por isso.
Seria diferente se o filho sumido fosse o de um delegado, promotor de Justiça ou qualquer dos nossos figurões?
Sim, porque a prática social dos mais bem pagos burocratas das nossas instituições é o espírito de proteção. Uns protegem eles mesmos e os seus, uns garantem a justiça para os seus e o justiçamento aos outros, os “inimigos do rei”.
Quem está de fora- o restante da Humanidade- que sinta o “peso da lei”.
Que Deus e os mais próximos de dona Claudineide a abracem neste momento. Porque os representantes das nossas instituições seguirão limpando suas bundas sujas nas cadeiras dos poderes, com os papéis dos seus ofícios timbrados de desejos de elevada estima.
E tudo continua para a mudança deixar as coisas do mesmo jeito.