O protesto que ocorreu na manhã da última quarta-feira (06) despertou a ira de alguns maceioenses pela presença marcante e exemplar de movimentos sociais como o MST, MTST, Sindicatos e partidos políticos de esquerda.
O choque de alguns foi o motivo para ataques e comentários nas redes sociais. A campanha é massiva: os moradores e ex-moradores dos bairros efetuados pela Braskem não são entidades políticas, são “apenas” gente que – a despeito da situação que se encontram – fariam um movimento asséptico, longe das correlações de força que organizam e estruturam a sociedade.
O protesto, então, seria legítimo por não ser político e a qualidade de suas reivindicações só seriam mantidas se estivessem “limpas” de influência “de esquerda”, como qualificam os defensores da paz branca, aristocrata e longe do que é “sujo”.
Parece, pois, que está muito explícita a tendência do discurso dominante na capital: ninguém é político, pois tudo é.
A contradição da última frase não é mera coincidência, é o movimento que tem se mostrado uma das maiores campanhas de desinformação e despolitização já vistas em Alagoas: todos são culpados, mas ninguém é.
Quando dizem que o acidente foi causado apenas pela Braskem esquecem-se das convivências, das negociatas e acordos propostos e aceitos pelos “de cima”. Esses que nada são além de interesses, posições estratégicas e xadrez entre “gente grande”.
Excluem-se responsabilidades, derrubam-se as evidências e contratos, apagam-se conivências e afinidades políticas para fins econômicos; ficam os atores isolados da sociedade, agentes históricos em suspensão, grandes homens que negociam em termos morais ou até “técnicos”, são gestores surpreendidos pela desfaçatez humana.
É ingênuo, é injusto e é absurdo que parcelas da população estejam alijadas da capacidade de entender quem são no jogo que estão inseridos.
Mais uma vez o componente aristocrático expresso, visto e legitimado na sociedade alagoana encontra em Maceió um aliados na base, cuja corrida em se desencontrar do que é “sujo” os colocam de encontro com o solo que afunda, suas casas evacuadas e seus sonhos desmantelados.
Sim, Maceió é distopia como já afirmei em outras ocasiões. Mas as evidências no campo das ideias mostram um afundamento mais silencioso, discursivo, midiático mas que cumpre a sua função social: na ordem, pela ordem, com a ordem, dentro da ordem.
O fascismo de Maceió é a distopia política dos despolitizados.