Um protesto com forte aparato simbólico ocorreu dentro da Câmara de Vereadores do município de Santana do Ipanema, sertão alagoano, quando os servidores públicos tomaram conhecimento sobre a possível votação de uma pauta do governo local, que era de extremo interesse de todos: aumento salarial!
Ou seja, a proposta não era consensuada com as representações das categorias profissionais, que pleiteavam 12% de aumento e o prefeito Isnaldo Bulhões, que é também ex-conselheiro do Tribunal de Contas de Alagoas, estimava 5%.
Outro fator de tensão se referia à indefinição de data de pagamento de valores retroativos a cada grupo de servidores locais, em acordo com seus Planos de Cargos e Carreiras.
Agregando insatisfações, dos 11 vereadores eleitos pelos municípes, 7 deles compõem a bancada de situação ao prefeito, que segundo relato passado ao blog, adotam postura subserviente aos interesses da gestão, omitindo o caráter representativo que deveriam assumir, relativo aos interesses da população, o que inclui os trabalhadores do município.
Com tais motivações, os servidores levaram para dentro da Câmara oito urnas funerárias, representando o prefeito e os vereadores identificados como da “situação”, com o intuito de ressaltar a morte deles para as causas dos servidores, efeito simbólico da indiferença e inação dos legisladores municipais, que ainda segundo relato a nós endereçado, aprovam tudo que o prefeito manda.
A exibição mórbida causou incômodo aos parlamentares, que tinham fotos e nomes nas tampas dos caixões.
O presidente da Câmara ao abrir a sessão solicitou a retirada das urnas funerárias, mas os servidores mantiveram resistência, segurando o propósito do protesto. O presidente, vereador Mário Siqueira (MDB) suspendeu a sessão e convocou a polícia.
Apesar das indisposições reveladas em ameaças e “bate-bocas” de alguns assessores dos parlamentares para com os servidores públicos, a tensão não chegou a desfechos trágicos, contudo, o desgaste político dos vereadores e também do prefeito está sendo considerado grande, afinal, qual seria a razão de existirem em postos de representatividade política, senão fortalecer e garantir os interesses e direitos dos cidadãos?
Se para as causas públicas de interesse coletivo o executivo e parte do legislativo de Santana do Ipanema estão mortos, urge ressurreição!
A comum inversão que assola o Brasil, quando políticos se julgam patrões e assumem posturas desvinculadas dos interesses do povo, tem mantido as dores sociais ativas, e em decorrência disso, a história acumula perdas irreparáveis ou de difícil reparação na vida real dos eleitores, nos municípios alagoanos.
Contudo, quando o povo se expressa, oferece aos políticos oportunidade de revisão dessa postura. Quiçá Santana do Ipanema aproveite a oportunidade de maturar o fio relacional entre povo eleitor e seus representantes eleitos democraticamente.