O Quilombo Rio dos Macacos, na divisa entre os municípios de Salvador e Simões Filho, na Bahia, vive dias de expectativa com o Governo Jair Bolsonaro. Na campanha, o hoje presidente disse que não demarcaria novas terras para quilombolas e fez ataques racistas aos descendentes de escravos, explica a FolhaPress
O Rio dos Macacos está em confronto judicial com a Marinha pela posse da terra. O confronto data dos anos 1970, quando a Marinha instalou uma vila para abrigar 500 famílias de militares em uma região onde já moravam famílias descendentes de escravos. O litígio pela posse da terra foi parar na Justiça, numa ação ainda que tramita no Tribunal Regional Federal da 1º Região, diz a agência de notícias da Folha.
No Quilombo Rio dos Macacos, o temor se dá em duas frentes. De um lado, as famílias estão preocupadas com o possível retardamento, paralisação ou até mesmo a revogação da demarcação de terras quilombolas pelo governo federal.
De outro, temem uma quebra na correlação de forças no litígio que travado a Marinha, já que o novo presidente é militar e construiu uma trajetória política na defesa de pautas das Forças Armadas.
Uma simples visita ao quilombo pode se revelar uma odisseia. A única estrada que leva à área quilombola é interrompida pelas guaritas da vila naval, onde o acesso é controlado por guardas da Marinha. Pelas laterais, o acesso se dá por picadas abertas em meio à mata densa que só podem ser percorridas a pé.
É neste local isolado em que 85 famílias vivem em casas improvisadas, parte delas feitas de tábuas de madeira e telhado de amianto. Não há água encanada ou esgotamento sanitário.
A comunidade foi reconhecida como quilombola em 2015, nos últimos meses da gestão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Mas, três anos após a demarcação, os quilombolas ainda aguardam a titulação de posse da terra. E travam disputas com a Marinha em torno do acesso à água e da construção de um acesso à comunidade que não passe por dentro da vila naval.
As informações são da FolhaPress