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Árvore de Natal xôxa desagrada povo de Atalaia

Uma situação curiosa chamou a atenção do meu olhar que gosta de mergulhar na atmosfera sociocultural do interior alagoano, regaço de nascimento das expressões do poder local.

Encontrei nas redes uma postagem bastante coerente feita por uma pessoa também coerente, mas não resisti fazer este comentário em forma de texto, no blog, com a sua licença professor Cícero Albuquerque, com quem pretendo dialogar.

O texto diz:

” Peço licença aos amigos não atalaienses para uma postagem local.

Tenho evitado fazer isso, apesar dos graves problemas que o município vive, porque entendo que o povo da minha terra deve percorrer o seu próprio caminho de descoberta. Entretanto, há momentos, como hoje, que é preciso intervir.
A celeuma atual é a árvore de natal que vergonhosamente a prefeitura de Atalaia montou na entrada da cidade.
A árvore virou símbolo do desleixo e da incompetência do atual governo e centro da chacota pública, mas também abriu espaço para o oportunismo político de alguns.

Por mais justas que sejam as manifestações de indignação e os desabafos é preciso lembrar que no hospital e nas unidades de saúde as condições e os itens básicos de atendimento são precárias ou não existem, as escolas, há muito, não cumprem integralmente os dias letivos obrigatórios em prejuízo irreversível para crianças, adolescentes e jovens, os salários de funcionários ativos e inativos estão em permanente atraso, os equipamentos públicos (clube social, quadras de esporte, praças públicas, Casa de Cultura, hospital, unidades de saúde, escolas) estão sucateados.

A corrupção corre solta e envolve os diferentes poderes, a impunidade campeia. O município de Atalaia, governo após governo, tem servido aos interesses de algumas famílias e de grupos políticos corruptos. Sem meias palavras, o povo de Atalaia tem conhecimento de tudo que acontece e, muitas vezes, tem sido cúmplice disso. A outra coisa, feia, no mínimo, tem sido a comparação com a árvore do vizinho município do Pilar.

Parecemos crianças tolas diante da árvore da casa do vizinho. O povo de Atalaia precisa se valorizar.
E o prefeito precisa ter vergonha de tudo isso.”

Apesar de compreender a força dos argumentos do professor, que se referem às políticas públicas básicas, necessárias à vida em todos os dias do ano, também compreendo o povo, que pelo próprio poder público foi convencido a se bastar no fenomênico, reconhecendo no caráter festivo das datas comemorativas os marcos de alegria, felicidade e celebrações, como é o caso natalino.

Um pouco mais de primor na elaboração da árvore de natal, e este prefeito estaria sendo tratado como excelente, pois estaria enquadrado na margem do padrão mínimo de serventia social local.

Os totens que interligam povo e território possuem energia de sacralização, e quando um gestor não consegue dar respostas plausíveis nem mesmo a esta necessidade de base psicossociológica, vai levar críticas ferrenhas, de um modo ao qual não está acostumado.

Ao professor e sua coerência nosso apreço. Ao povo de Atalaia nossa solidariedade.

Ao gestor, sua árvore xôxa!

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