A reforma administrativa é a mais nova panacéia do mercado e este mesmo mercado tem um importante personagem para fazer a sua vontade: o presidente da Câmara, Arthur Lira.
Lira dará tramitação mais rápida à reforma administrativa, que dá mais poderes ao presidente da República, blinda ainda mais magistrados da realidade econômica e penaliza quem já é satanizado- o funcionário público de chão de fabrica.
Servidores cujo desempenho seja considerado insuficiente (quem vai definir este critério?) pode ser demitido.
Apenas uma parte do funcionalismo terá estabilidade após 3 anos.
Concursados só serão efetivados nas funções se forem bem avaliados (quem vai definir este critério?).
Ficam extintos ou haverá mais dificuldade em se obter: licença-prêmio, aumentos retroativos, férias superiores a 30 dias/ano, adicional por tempo de serviço, aposentadoria compulsória como punição, progressão ou promoção baseada exclusivamente em tempo de serviço e incorporação ao salário de valores referentes ao exercício de cargos e funções.
Os salários serão mais baixos.
Juiz, desembargador, promotor de justiça ou procuradores NUNCA serão atingidos por medidas de redução de salário ou menor jornada de trabalho.
O Estado pode estar quebrado. Mas o administrador terá a obrigação de arrumar dinheiro para bancar salários e luxos dessa turma.
Os novos contratos trabalhistas terão prazo de validade e maior controle do gestor.
Isso mexe em muita coisa.
O concurso público, por exemplo, seleciona os melhores.
Com as novas regras, valem as seleções organizadas pelos gestores, com avaliações subjetivas, o que beneficia cabos eleitorais, amigos, apadrinhados, amancebados.
Ou seja: o Brasil recua para os tempos do Império ou da Colônia, quando servidores eram recrutados por indicação de lideranças políticas- os coronéis.
E abrindo ainda mais as chances para as rachadinhas.
O Brasil do mercado recua um pouco mais no processo civilizatório.
O tempo dirá.