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Arthur Lira ajuda a manter a aliança entre a política e o caos

Arthur Lira não se mete na mais nova crise do presidente Bolsonaro, agora com o Exército.

Eduardo Pazuello foi salvo pelo “meu Exército”, como Bolsonaro gosta de dizer.

Lira, aliado do presidente, diz que a decisão do Exército a respeito do ex-ministro da Saúde não é problema dele, segundo apurou Guilherme Amado, da revista Época.

Mentira.

Lira é o segundo na sucessão presidencial. Comanda o destino de leis, tem forte influência no orçamento, na costura das bancadas, nas articulações pró e contra Bolsonaro. É dele a decisão sobre os mais de 100 pedidos de impeachment contra o presidente da República, hoje abarrotando gavetas do legislativo.

Essa despreocupação de Arthur Lira não é sem sentido.

Ele representa os interesses do mercado, da avenida Faria Lima, da Fiesp, das maiores fortunas do país. Não é à toa que, enquanto fora do Congresso existe choro e desespero pelos 469 mil mortos por coronavírus, Lira blinda os ouvidos e reveste os nervos de aço. A pauta legislativa são as reformas, aquelas que beneficiam os super-beneficiados neste Brasil que anda de marcha-ré.

Ele é contra a CPI da Covid porque o mercado é contra investigações que possam chegar ao presidente da República. Representante do Centrão, Arthur Lira sabe que a popularidade de Bolsonaro está por um fio; sabe também que as instituições e as forças armadas, além dos militares atuando como gangues fardadas pelos estados, flertam com um golpe, em nome do seu líder supremo.

As demandas da democracia, da distribuição de renda, de um SUS mais universal ou os efeitos da pandemia nas escolas públicas, onde alunos não têm internet, já que Bolsonaro vetou conexão grátis além de tablets para todos os estudantes do Ensino Médio da rede pública vinculados ao Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), não sensibilizam o presidente da Câmara, que pertence a um grupo com fome e sede de cargos.

Arthur Lira é da turma dos que protegem Bolsonaro dos seus desafetos ou inimigos, mesmo que isso custe milhares de vidas. Se desemprego e fome recordes são assuntos menores, imagine uma crisesinha no Exército.

O importante é continuar buscando meios para que a crise social aguda não mexa nos lucros no mercado. E manter a oportuna aliança entre a política e o caos, sem que a tragédia e a inação federal representem riscos aos próprios interesses.

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