Arthur Lira vive nesta semana momentos de agonia e fortes emoções, ao menos nos quentes bastidores de Brasília.
Ameaçado pelo Senado de uma CPI para investigar o destino de verbas do Ministério da Educação para a compra de kits de robótica fantasmas, Lira e o presidente Jair Bolsonaro conseguiram juntos retirar nomes desta comissão e o Governo quer criar uma outra só para investigar o PT. Já conseguiu inclusive as assinaturas.
São movimentos acompanhados detalhadamente pelo presidente da Câmara e por personagens que têm um olho em Alagoas e outro no centro do poder.
A CPI do MEC, que causaria dor de cabeça a Lira, teve a assinatura do senador Renan Calheiros (MDB), oposição ao deputado federal nesta eleição.
Já a CPI sobre as obras do PT tem a assinatura de Fernando Collor (PTB), oposição aos Calheiros e desprezado por Lira, ao menos por enquanto porque Collor é Collor.
Rodrigo Cunha (União Brasil) não assinou a CPI do MEC nem a das obras do PT. Cunha está no UB que em Alagoas é controlado por Arthur Lira. O senador se equilibra em uma tênue linha: já disse que não vai pedir votos para a reeleição de Bolsonaro mas seu palanque é cercado por bolsonaristas. Sua quase-vice, a deputada Jó Pereira (PSDB), vota em Bolsonaro queiram ou não queiram os tucanos. Ela é prima de Arthur, o irmão dela, Joãozinho, chefia o escritório da bilionária Codevasf alagoana, por onde circula o dinheiro do orçamento secreto asfaltando ruas até em Maceió.
Lira foi aliado do PT mas uma investigação debruçada nas eras Lula e Dilma é um recado ao ex-presidente, que hoje lidera as pesquisas: o fim de um orçamento só para o centrão não interessa nem ao presidente da Câmara nem ao senador Ciro Nogueira, chefe do centrão. Esse governo paralelo atrai votos para mudar o sistema e implantar um parlamentarismo travestido de semipresidencialismo, sem consulta popular. E em 1993 os brasileiros disseram não ao parlamentarismo.
É um golpe costurado pela lei e suas infinitas interpretações, engendrado por Arthur Lira.
A semana santa promete durar mais de 7 dias. Veremos.
