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A universidade neoliberal

Como fazer para alertar nossos jovens sobre as incertezas que o amanhã lhes garante, quando o assunto é universidade?
A competitividade não faz paralelo com as condições de nossas escolas e a qualidade do nosso ensino. Nós e eles estamos encurralados pelo sistema, como sempre, contudo, numa configuração nova e mais elaborada de processo excludente.
A universidade está cada vez mais elitista. O atual processo seletivo, desconsiderando as diferenças regionais e ignorando as omissões dos governos, principalmente no Nordeste, consolida o afastamento dos nossos estudantes das bancas universitárias.
Parece mais democrático, mas o efeito nada tem de democracia; é a política do mais forte que acaba prevalecendo. As famílias de baixo poder aquisitivo encontram nas faculdades particulares a opção de garantir formação acadêmica aos jovens.
O contrasenso do qual falava minha avó, quando afirmava que o rio só corria para o mar, ou seja, quem já é beneficiado recebe mais benefícios. Quem consegue ter acesso aos estudos mais caros do Brasil vai se tornar aluno de universidade pública, enquanto os que não podem pagar sequer a educação básica terão que pagar mensalidade de faculdade particular.
Tudo isso também pode ser percebido em um movimento que transforma o perfil do professor universitário, cada vez mais estruturalista e metodológico, disperso do pensamento filosófico e político, bem ao gosto do público que hoje toma conta das salas de aula.
Há muito a universidade brasileira é questionada quanto ao afastamento das realidades de seu entorno, no alheamento para com as lutas das comunidades. A atualidade aguça essa indiferença.
A submissão ao mercado de trabalho e aos códigos neoliberais, salvos as exceções, transforma o ambiente acadêmico em um espaço asséptico, de aparência executiva. Distante demais do ideal de produção e reelaboração de saberes em benefício da vida. Uma ilha de lapidação dos economicamente mais fortes.

Uma resposta

  1. Minha experiência como acadêmico resultou em decepção enorme para com o mundo da pesquisa. Mesmo assim, ainda acredito no ensino, mais como formação pessoal do que sucesso profissional. Além do mais, sempre recordo aos meninos e meninas com as quais atuo como voluntário que o sucesso de um ídolo deve-se mais aqueles que o orbitam (geralmente estudados) do que propriamente ao talento deste.

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