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A morte como tema e a política como mote

Há um convite insistente para que o pensamento se volte apenas aos interesses pessoais, compreendendo todo o coletivo como estranho, digno de indiferença e quando muito, palco de utilitarismo.

Esse entendimento tem matado muitos ao longo de uma história social que perpetua o descaso com as pessoas e seus direitos.

Aos ufanistas liberais a ação do Estado não contempla o compromisso social. Embevecidos com as artimanhas do sistema em acessórios criadores de castas e estamentos, deserdam as pessoas comuns, e esta quase ex-comunhão tira o direito de viver.

Sim, quando as políticas sociais são incipientes e a sociedade emperrada produz cada vez mais necessitados e dependentes, os indivíduos morrem por falta de assistência.

A narrativa é triste, mas infelizmente é verdadeira: um jovem de 21 anos estará sendo sepultado hoje porque o serviço público não lhe ofereceu um exame mais preciso para detectar e tratar a tempo o que foi uma pneumonia. A família procurou políticos para pagar um exame que custava 180,00 e o adiamento da entrega dessa importância fez a ampulheta da vida esvair-se em descaso, o óbito na noite de ontem surpreendeu.

Difícil esquecer a dor de perder um filho jovem. Impossível ficar indiferente ao descaso. Mas estamos nos preparando para mais um pleito eleitoral e de antemão já sabemos que os candidatos não têm como objetivo garantir direitos, e certamente estaremos nos envolvendo com propagandas e falácias, porque a maioria de nós acredita que política e vida não possuem vinculação.

Para o povo restará a morte, e os políticos contentes seguirão.

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