A Maceió liberal garante o lucro. Mas e o povo?

Por Silvio Rodrigo

Meio ambiente e infraestrutura são questões que, apesar do destaque implícito na corrida eleitoral de 2024, precisam avançar no debate público em Maceió.

O estica e puxa político típico das municipalidades alagoanas neste período ofusca da mentalidade comum a participação e responsabilidade coletivas por espaços urbanos mais saudáveis e limpos.

Mesmo a par das dificuldades econômicas e educacionais específicas da capital provinciana das Alagoas, soluções verdadeiramente inteligentes precisam posicionar o povo na equação que busca resolver este problema.

Encaremos os fatos: a gestão pública com contornos neoliberais da cidade trata o morador/habitante como a díade consumo/trabalho, deixando de lado a atividade cognitivo-emocional que afeta os vínculos com o lugar/habitat.

O sujeito munícipe aparece como um recurso social a ser gerido por CEOs da vida pública, onde a única coisa que importa é o lucro, garantido pela funcionalidade produtiva da cidade.

O fato é que desde que funcione, não é preciso se preocupar com estruturas mínimas e suportes qualificados para a implementação de políticas públicas inovadoras.

Enquanto o mundo reflete sobre as consequências ambientais da ação humana e como as cidades vão se adaptar a um modelo de produção/consumo menos prejudicial, em Maceió a discussão parou no tempo e os problemas ambientais crônicos como o descarte irregular de resíduos sólidos e que fim devem tomar não gera grande alvoroço nas plataformas de comunicação política.

Mas e se os maceioenses pudessem participar desta construção? E se a educação ambiental se somasse a práticas mais profícuas de consciência política sobre o território?

De “e se” em “e se” nós perdemos a cidade para dúzias de gestores pouco refinados.

É a crônica polida da província: todo sonho democrático da participação que pincela os contornos da capital são empurrados para fora da arena política.

Mais preferível, no entanto, é impor culpa aos “mal educados” e aos detratores ambientais que jogam lixo na drenagem e daí provém todo o caos. Explicação pouco complexa é verdade, mas, no geral, dá certo.

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