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Ana Cláudia Laurindo: A encenação da segurança em Alagoas

Estive, entre muitos alagoanos e alagoanas, no lançamento do propagado Plano Nacional de Segurança, no Teatro Gustavo Leite, em Maceió.

A festividade na entrada me deixou receptiva à beleza das coreografias das meninas da fanfarra, alunas de uma escola estadual.

Os rostos expressavam tanta festa, alegria; assim, como os corpos exibiam as melhores roupas: era uma reunião de vencedores! Grande parte, comissionados do governo.

No entanto, o ápice do espetáculo político, foi o anúncio da presença do embaixador do circo no Brasil, ator Marcos Frota, que anunciou entre aplausos: “Cada alagoano aqui hoje, deve ter muito orgulho dessa cidade, desse estado e desse momento.”

Tentei entender a motivação apresentada para tal orgulho, mas o objetivo ali, não era outro senão apenas motivar a euforia. Não era momento para pensar. Bastava aplaudir, bastava celebrar a conquista de ter trazido ao palco alagoano atores e atrizes da Rede Globo.

Ao modo digno de um famoso ditador mundialmente conhecido, o hino nacional foi lindamente interpretado, com o acréscimo das imagens do símbolo perfeitamente exibidos no telão. Puro êxtase! Povo em turbulento ufanismo! Não havia espaço para refletir. Bastava vibrar com o poder e suas falas oportunas.

Nova frase sentimentalista de Frota me arranca da introspecção opcional a qual me havia entregue: “A ganância vem provocando uma violência insuportável.”

Sim, uma ganância se dono, espalhada genericamente no vento, era a culpada! Assim é bem melhor falar de violência em Alagoas. Eu compreendia. Apenas não compartilhava.

Frota brilhava, encenava seu papel no palco da ensaguentada Alagoas. Clamava de maneira piegas por uma “geração lúcida e espiritualizada”, cheia de “benevolência, tolerância, ética, educação e elegância…”

Era um ator no palco, e nós, os figurantes na platéia.

Um espetáculo político financiado pelo dinheiro público, transformava a dor em mote eleitoreiro; nossas lágrimas em matéria banal, veiculada pelas bocas mal politizadas dos globais brasileiros.

Um cenário de circo, sem pão, sem esperança. Ninguém acreditava no que estava sendo dito. Todos aplaudiam.

Ao final, um amigo me aclarou o entendimento afirmando: não foi um Plano de Segurança, apenas um Plano de Polícia; pois segurança se planeja com a sociedade, com participação. Em gabinete se faz estratégia policial.

2 respostas

  1. Esse site não permite que seja feita cópias das materias, não conheço nenhum site de notícias que impeça isso, um absurdo. Não entendo como vocês restrigem o acesso a informação. Bem contraditório, não?

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