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A conformação do “psicólogo oprimido” em Alagoas

Como um incentivo ao diálogo sobre a “situação” histórica da profissão dos psicólogos em Alagoas, venho procurado entender a razão da “não participação” e do “mutismo profissional” dos psicólogos alagoanos. No texto passado (veja aqui), procurei analisar com muita cautela algumas manifestações históricas deste “mutismo” e como este está diretamente relacionado a forma de organização socioeconômica de Alagoas e aos elementos político-culturais em continuidade desde os tempos coloniais.

Logo, a despeito dos enormes entraves na organização produtiva do Estado, temos o que chamei de “marca” do processo de colonização, da forma como as raízes político-culturais do mandonismo, da figura hierárquica dos “gestores”, dos “donos legítimos” se encontram no imaginário popular gerando uma manifestação psicossocial de submissão e fatalismo. Não há como ignorar as “continuidades” do processo violento de colonização neste território, assim como não dá para excluir os fatores muitíssimo modernos nesta forma social, econômica e política.

Isto é, não há como retirar o papel do Estado burguês e do cenário moderno de exploração capitalista, ou a consolidação das relações sociais burguesas em Alagoas mesmo que, de certa maneira, teça permanências a partir da velha ordem social da colônia. A forma de dominação, mas também a direção da dominação, está diretamente relacionada ao funcionamento moderno do capitalismo dependente, que comporta não só o atraso, mas a ruminação de aspectos arcaicos e conservação da ordem a partir da violência política, do controle de populações e territórios, da expropriação de comunidades e camadas populares, etc.

A contradição entre estes elementos objetiva nossa realidade sociopolítica, mas também nosso adiamento de conquistas sociais, nossa profunda procrastinação ao desenvolvimento. Ou seja, a manutenção do poder burguês em Alagoas está relacionada a um dos piores indicadores sociais do país e sobretudo pela violência como componente objetivo e subjetivo do sujeito concreto de Alagoas, assim como sua relação de submissão e “natureza favorável” à dominação.

Portanto, a raiz institucional que acomodou a Psicologia de Alagoas em sua ordem tem como característica a vinculação objetiva com o poder. O professor Oswaldo Hajime Yamamoto, em seu livro clássico A crise e as Alternativas da Psicologia, argumenta que a Psicologia é uma ciência burguesa na medida que reproduz uma concepção de homem burguesa e compreende a sociedade a partir das ideias da classe dominante, sendo o componente ideológico da Psicologia a conformação do fenômeno psicológico centrado no indivíduo e em sua “natureza” anterior ao social.

Pressupõe-se, então, um aspecto histórico-concreto na “forma de ser” da Psicologia em Alagoas na assimilação da estrutura econômica de dominação burguesa no entendimento do homem, na sua leitura do real e na “imutabilidade” das relações sociais e políticas, ou numa falsa “neutralidade” científica, ou ainda uma forma de agradar “gregos e troianos” escamoteando o elemento classista na disputa pela hegemonia, determinando um único quefazer psicológico e um único caminho para o sucesso.

Atribui-se a possibilidade do “sucesso” o direcionamento primordial da formação em Psicologia, distanciando a crítica e o elemento contraditório da realidade local e regional. O psicólogo bom se torna aquele que “se adapta” as formas sociais “naturais”, onde os impulsos pela transformação da realidade, pela organização popular e classista são vistos como “desvios”, ou patologias socias, ou ainda “inadequação cultural” e “incapacidade de adaptar-se” quase uma “indolência constitutiva” das camadas populares, as detentoras da periculosidade e da “involução social”.

Voltemos, pois, para aquilo que caracteriza as instituições de representação e construção da profissão hoje:

1) Não participação da categoria;

A componente fundamental da hegemonia burguesa é a exclusão da alteridade popular como potência política. A alteridade aqui não é um componente apenas subjetivo, não é apenas “discurso” e “linguagem”, apesar de existir forte componente discursivo e uma “representação”. Essa representação é construída a partir de sujeitos concretos e relações concretas que envolvem poder de decisão e status quo. A alteridade política negada é aquela que acata tendências contestadora da ordem e aparentemente fazem alusão ao “escândalo” ou a retirada da “normalidade” e da “paz”.

Essa clivagem é necessária a criação da legitimidade, sendo assim, uns podem ter “voz” outros não. Já que a “voz” de alguns pode significar a perda do controle dos espaços da profissão, sobretudo por poderes econômicos ligados a educação superior privada. Outro aspecto fundamental é perceber que o Conselho Regional de Psicologia (CRP) se transforma no espaço de profissionais com vínculos nas Universidades, geralmente docente, em atuação em dois núcleos de “construção da profissão”.

A consolidação da legitimidade é garantida a partir do universo econômico que circula entre o CRP e as Universidades, aqui é o território onde a luta pela hegemonia ideológica encontra espaço e tem sido invariavelmente associado a visões individualizantes, altamente psicologizantes e “neutras” de Psicologia. Sendo assim, não é necessário atenção a tendências “emergentes” em Psicologia ou na caracterização de uma Psicologia Crítica, ou em demandas e lutas sociais presentes na realidade histórico-concreta da população que vamos atender, a questão nunca foi essa e sim a acomodação do conhecimento psicológico na conservação da ordem.

A principal justificativa é que a própria categoria não “quer” participar, ou que não reconhece o CRP como um espaço “dela”. Ora, haveremos de nos questionar por qual razão esta tendência se consolida sem questionamentos e estudos específicos. Se algo nos representa e sentimos que não está “dentro de nossa alçada e preocupação” configura uma contradição fundamental. Obviamente outros interesses aparecem a frente.

Outra questão a ser revisitada na história da Psicologia em Alagoas é a construção da Psicologia a partir de fora. Ou seja, meados dos anos 1970 abre-se a primeira faculdade de Psicologia no Estado e esta é associada ao setor privado. A necessidade de desenvolvimento da Psicologia agregou psicólogos de outras regiões e Estados, o que não se constitui um problema em primeira instância, mas que carece mais pesquisas e considerações históricas sobre este fato e de que forma isto afetou a “implicação” com a realidade local no desenvolvimento de pesquisas e tendências em Psicologia no Estado.

Apenas nos anos 1990 é que surge o curso de Psicologia na Universidade Federal, tendo Alagoas ficado de fora das discussões acaloradas em Psicologia Crítica no núcleo ligado a Universidade de São Paulo com o protagonismo de Silva Lane, Wanderley Codo, Ana Bock, etc a partir dos anos 1970. Não tínhamos um CRP que caracterizasse nossa região e estávamos associados ao CRP de Pernambuco e a luta por “emancipação” marcou a história da consolidação política da Psicologia no Estado.

É evidente, no entanto, que dadas as especificidades de Alagoas, sobretudo seu forte atraso em relação ao desenvolvimento técnico e científico do Nordeste e do Brasil, que devemos reafirmar a necessidade de mais pesquisas e mais envolvimento científico na compreensão da Psicologia como ciência e profissão em Alagoas. Essa recuperação da memória histórica é um dos objetivos apontados por Martin-Baró no texto Hacia uma Psicología de la Liberación, para questionar o conteúdo “naturalizante” e “ahistórico” próprio da ideologia dominante, que deixa os sujeitos em um permanente “presente psicológico” num estado de aceitação e fatalismo.

Vale salientar que a tendência histórica de “não participação” é concreta, isto é, não configura fenômeno isolado ou abstrato, mas característico da totalidade que configura a sociedade em Alagoas. Com a desativação ou inexpressão do Sindicato dos Psicólogos a única instituição de representação da categoria se concentra no CRP que institui sua posição especificamente “neutra” diante da realidade, apesar de forte apelação ao personalismo e a divulgação dos “seus”.

Logo, não consolidamos uma cultura do diálogo, de participação, de politização das circunstâncias concretas da categoria, dos desafios e limites da Psicologia, etc. Nossa história em Alagoas, apesar de apresentar grande lacunas e confusões, não conseguiu avançar no quesito “compromisso social” ou ainda uma Psicologia para as “maiorias populares” ou para a “transformação social”.

2) Personalismo;

O professorado que compõe a organização dos espaços de construção da profissão não tem autonomia imediata sobre sua posição política nas instituições que atuam, já que vínculos privados, contratos e suas condições materiais de existência se aliam a estruturas especificamente centradas na venda da Educação Superior. Com a impossibilidade de autonomia para a realização e promoção de pesquisas específicas e posicionamentos políticos definidos a partir do compromisso ético-político com as maiorias populares, retornamos à neutralidade como tendência comum.

Isto é, independente de posicionamentos políticos individuais destes profissionais as circunstâncias que estão inseridos, sobretudo trabalhistas e econômicas, devem ser privilegiadas em nossa análise. Não que o posicionamento individual dos sujeitos não interfira na realidade, mas este posicionamento não se constitui a totalidade de relações que o perpassam enquanto ser social e imerso em um contexto específico.

Dados os poderes extremamente coercitivos dos ambientes universitários privados no direcionamento prático dos profissionais, nem sempre os desejos de transformação social encontram vazão em organização política ou em pesquisas sobre a realidade local. O que fica ainda mais problemático nessa questão é que estas instituições promovem o “carreirismo” individual, a promoção de profissionais que não se relacionam de imediato com a realidade histórico-concreta do território e das populações. Ou seja, a compreensão centra-se no mais abstrato e ideal modelo de atuação possível, mesmo que a contradição com a realidade seja evidente.

Torna-se conveniente a permanência de uma total falta de implicação social, daí a sensação de irrelevância, ou da sensação que “a população não valoriza o trabalho do psicólogo”. Custa-nos, no entanto, entender em que medida valorizamos a população e de que forma nosso conhecimento seria relevante para seu modo de vida.

O personalismo, tema central nesta sessão, é a marca dos profissionais de “carreira” em uma imbricação problemática com a subdesenvolvimento local. As condições materiais dos formandos e formados em Psicologia faz com que estes profissionais se tornem quase “mitos” quando adquirem conhecimentos específicos e formações complementares fora do Estado, dadas a escassez destas formações aqui, e retornam com as “novas tendências em…”. O agora especialista em teoria tal, método tal e abordagem tal, possui a redenção do conhecimento psicológico em sua “bagagem profissional”, sendo assim, não carecemos de participação na construção da profissão, carecemos de mais especialistas que saem e retornam ao nosso território, com as “boas novas”.

A hipótese principal, a partir do fenômeno do personalismo na Psicologia em Alagoas, reitera nosso estado de dependência técnica e científica de outras regiões e Estados do país. Sobretudo quando se trata de inovações e modelos alternativos de práticas. A introdução de novas tendências em Psicologia neste território se dá por forte influência de fora, com modelos teóricos e compreensões de fora. No entanto, este não configura o principal problema, mas este acaba criando a base material da concepção ideológica de que aqui não se faz Psicologia, ela precisa ser “paternalmente” (fazendo referência ao paternalismo) ser socializada com os que “não sabem”, ou com os que “não tem experiência”.

Portanto, personalismo e paternalismo, neste sentido, encontram raízes econômicas e político-culturais na própria história do Nordeste canavieiro e, obviamente, das Alagoas. O que precisamos, pois, é criar mais espaços de diálogo com os profissionais daqui, já que uma maioria atua com variadas populações, em variados locais e características geográficas e culturais que somariam muito mais a práxis do psicólogo alagoano, despertando seu desejo de conhecer e transformar nossa realidade.

Para isso, retornemos a Martin-Baró no mesmo texto que citei a cima, onde propondo tarefas para uma Psicologia da Libertação recomenda a desideologização da experiência cotidiana. Neste sentido, então, torna possível a consciência de que não existe uma Psicologia própria de alguns, ou que uma é mais legítima que a outra a depender da conjuntura que se encontram alguns “mestres”. Mesmo o psicólogo distante do ambiente acadêmico produz conhecimento a partir de sua práxis e invariavelmente, a despeito de academicismos e posturas moralizantes, quase higienistas, ele também constrói o que é a Psicologia no Estado.

3) Meritocracia “Clean”

A ênfase da Psicologia dominante é no indivíduo. Desta maneira, a partir desta categoria, é que se reafirmam os valores burgueses na Psicologia e sobretudo sua expressão ideológica dominante: o liberalismo. A noção de indivíduo autônomo e com plenas condições “naturais” cria uma forma peculiar de relação opressora na Psicologia. Veja bem, se somos profissionais preocupados com o bem-estar do indivíduo ficaria no mínimo contraditório se o culpássemos por seu insucesso com veemência. Nossa atuação opressora, então, precisa ser “clean”, de uma maneira menos agressiva, para não dizer “assertiva” ou “mais adaptativa”. Ou seja, haveremos de dar ao sujeito uma maneira de pensar sobre si mesmo que não seja uma visão socialmente construída, mas “natural”.

Atribui-se, então as competências e as habilidades, ou ao engajamento pessoal a fórmula “natural” do sucesso e reconhecimento social. Não se mede nem atribui importância as formas sociais, culturais, politicas e econômicas que o sujeito está inserido. Essa inserção é mascarada com um discurso aparentemente moderno, de alusão à novidade do século XXI e a “liberdade” individual, as possibilidades de escolha e determinação intrapsíquica dos sujeitos em criar-se e colocar-se no mundo. Deste modo, o sujeito pode se sentir “culpado” por seu fracasso e sua impossibilidade de ascensão social, mas o linguajar rebuscado e “moderno”, sobretudo quando comentado pelos “mestres” é sumariamente inquestionável.

Em momento nenhum, exceto algumas exceções, é falado sobre mercado de trabalho do psicólogo em Alagoas, ou comentada as áreas de atuação de mais expressividade. Obviamente o comportamento individual dos “mestres” é reflexo do conteúdo social que se levanta a partir da determinação econômica entravada do Estado. Isto produz algumas situações peculiares:

  • Não temos estudos científicos aprofundados sobre a profissão no Estado.
  • Não compreendemos com clareza o que a “economia”, fator externo ao indivíduo, pode ser pertinente na compreensão da situação histórica da profissão.
  •  Não há uma preocupação com o que o psicólogo poderá contribuir com a sociedade que vive, mas uma automação do conhecimento psicológico a partir da técnica.

 

Desta maneira, evita-se falar sobre a estrutura social alagoana e sobre o problema da imbricação entre setores políticos e econômicos na negociação de cargos como modus operandi da dominação. Ou em contratos temporários, salários precários e condições de trabalho difíceis. A versão “clean” da opressão se estende por toda práxis profissional do psicólogo, desde a empresa até a clínica psicológica. É aqui quando o trabalhador, agora colaborador, é visto a partir de sua multifuncionalidade e docilidade aos interesses da classe dominante, deixando os “problemas de casa em casa” já que o trabalho seria uma “área” da vida do sujeito e não imerso na totalidade de sua experiência vida.

Logo, o psicólogo, dentro de sua esfera de trabalho, também precisa lidar com seu próprio conflito subjacente à estrutura socioeconômica que condiciona sua atuação, mas também seu salário, de maneira “resiliente” e com a certeza de que basta mais uma “especialização” e pronto, agora vai. Sobra o silêncio, já que convenientemente não há espaço para contestação e muito menos diálogo sobre isto, pois os “donos do prestígio” naturalmente são mais habilidosos. Não há vazão para o desconforto que é dedicar-se e não receber retorno em condições melhores de vida, ou em trabalho digno e estável. O que sobra é a resignação, a submissão, e a sensação de que o conhecimento psicológico é “lindo” e “amoroso”, mas “utópico”, e que muita coisa do que a gente vê “na teoria” já mais será real “na prática”.

4) Conformação do “psicólogo oprimido”

Já comentamos bastante sobre a influência e determinação socioeconômica, mas também cultural, da profissão do psicólogo em Alagoas. A conjuntura atual nos leva a hipótese, a partir da manifestação psicossocial do “mutismo profissional”, do impacto psicológico desses fatores nos profissionais que tem adotado uma posição de submissão, de acomodação ou inação diante do desenvolvimento histórico da Psicologia no Estado. Reitero que não se trata de uma decisão subjetiva e “individual” dos sujeitos, mas reflexo de um contexto.

Todas as circunstâncias que tenho analisado direcionam para um tipo específico de formação psicossocial a partir da dominação dos espaços de construção profissional, da inexperiência democrática e da falta de cultura de participação e diálogo: uma maneira, uma forma, um caráter oprimido de profissional psicólogo a partir do que Martin-Baró chama de fenômeno do fatalismo.

O fatalismo seria a interiorização da dominação social tendo como ponto de partida a ideologização das possibilidades e impossibilidades do sujeito. É a desumanização pelo bloqueio da assimilação do “valor pessoal”, do sentir-se capaz, acreditar. A visualização do poder pessoal tem como via a implicação do sujeito com sua realidade, com a transformação desta a partir da potência de apropriação do mundo e leitura crítica da realidade. O trabalho de Nepomuceno e Pinheiro, publicado em 2010, com o título Elementos Psicossociais para Compreender o Nordeste, lança mão da análise das características fatalistas do nordestino a partir de seu desenvolvimento histórico-social e é base para entendermos essa postura “oprimida” do psicólogo alagoano.

Para finalizar este artigo indico a terceira tarefa que Martin-Baró pontua para a libertação da Psicologia: o reconhecimento da potência e virtudes populares. Ou seja, é considerar que apesar dos entraves históricos para a participação efetiva da categoria, existe os psicólogos que colocam em operação o conhecimento psicológico a disposição da população alagoana, tendo forte presença no serviço público.

Não cabe aqui romantizar suas atuações, ou achar que todas elas estão diretamente relacionadas com compromissos ético-políticos de transformação social, mas apontar para a potência inerente ao processo de criação e recriação da Psicologia como ciência e profissão sempre em construção, dinâmica e em expansão, alargando o reconhecimento de seu papel histórico. Cabe-nos discernir o que estamos sendo para podermos decidir para onde vamos e que Psicologia podemos construir em nosso território sofrido e secularmente impedido de incentivar a promoção humana do litoral ao agreste, até o sertão.

Saiba mais:

Freire, P. (2005) Educação como prática da liberdade (28 ed). Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Nepomuceno, L. B., Pinheiro, A. A. A. (2010) Elementos Psicossociais para Compreender o Nordeste. Revista de Psicologia, 1(1), p. 85-104.

Martin-Baró, I. (1996) O papel do Psicólogo. Estudos de Psicologia, 2(1), 7-27. Acesso em 22 de outubro de 2020, recuperado de https://www.scielo.br/pdf/epsic/v2n1/a02v2n1

Martin-Baró, I. (2006) Hacia una psicologia de la liberacion. Revista Eletrônica de Intervención Psicosocial Y Psicología Comunitaria, 1(2), p. 7-14.

Yamamoto, O. H. (1987) A Crise e as Alternativas da Psicologia. São Paulo: EDICON.

SOBRE O AUTOR

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