Passa pano para 39 kg e pela cor mata até criança. De quem falo?

Nada do que está acontecendo no Brasil surpreende quem estuda o funcionamento das suas estruturas. Cada vez mais, precisamos analisar, discutir, conhecer nosso país, para manter a esperança de um dia superarmos essa dor causada e mantida pela desigualdade social.

Racismo é uma das mazelas sobre a qual não podemos omitir a denúncia.

Quem já foi vitimado pela violência letal sabe que até os amigos mais próximos buscam justificar o crime culpando a vítima, antes mesmo das convenções formais dos pêsames.

O racismo brasileiro nunca teve limites. Mas sempre pode piorar, quando não existem políticas de elevação civilizatória em curso.

O Rio de Janeiro protagoniza perseguição mordaz aos territórios marcados, com a justificativa aceita da presença do tráfico de drogas, um batismo discursivo que libera a morte de crianças, jovens e cidadãos em qualquer posição corporal; seja segurando um guarda-chuva ou dirigindo um carro na direção de um chá de bebê.

Mata-se muito no Brasil, muita gente negra! Gente pobre, anônima, que só serve para votar e ser descartada em seguida.

Drogadição é maldição coletiva quando a bala estatal escolhe o coração de alguém para estourar a dor. A impotência diante do próprio país, na dor da cor.

Foram 39 quilos de cocaína em um avião estatal. Apenas memes como resposta social.

Já houve antes um caso, envolvendo um helicóptero e muita morosidade, pano passado, cargo comissionado. Brasil feliz na burguesa arrumação de interesses, que nunca foram do país.

Chuva discursiva confunde! Não há perigo para o lado de lá da sorte, apenas para o lado do povo há julgamento com pena de morte.

Qual seu papel neste país?

Precisamos elevar o valor das virtudes que civilizam, humanizam, politizam.

Essas lágrimas insepultas encharcam a história, por essa razão não há glória em louvar perseguições aos esmagados pela estrutura , pela desnutrição de cultura em insipiente noção de porvir.

Todas as desculpas para os 39 quilos de cocaína já estão sendo aceitas, mas não somos instituições afeitas aos conchavos criminosos dos poderes.

Em nossas mãos, a força de mobilização! O não! O voto como parte da missão de libertação, renovação.

Não desacredita. Não! Nosso país é racista, injusto e desigual, mas cada vida é uma nova possibilidade de sonhos.

Na crítica, na luta, sigamos assim. Sim! Reunindo, porque esse tempo precisa saber que existimos.

Repudiando os normalizadores dos crimes históricos, os mantenedores do medo e do choro; espalhemos o consolo de continuar estudando, enfrentando, ganhando força discursiva em benefício da vida.