Éder Patriota-
Especial para o Repórter Alagoas
Pesquisa do Instituto Data Popular mostra que nove milhões de brasileiros têm dúvidas sobre a compra de um imóvel pelos próximos dez meses. Eles se perguntam se vale ou não a pena um financiamento a médio ou longo prazo.
Uma das perguntas mais comuns, entre as futuras financiadoras imobiliárias, é a seguinte: Quais são as vantagens e as desvantagens existentes no financiamento imobiliário de médio e longo prazo?
Segundo pessoas ouvidas pela reportagem, a resposta mais comum é: depende.
Do mesmo modo de qualquer outro produto financeiro, linhas de crédito imobiliário possuem aspectos positivos e negativos, quando são comparados com as outras opções para obter dinheiro.
O fator que determinaria o bom ou ruim deste tipo de negócio são as capacidades de pagamento e a necessidade de cada pessoa.
Exemplo é da atendente de consultório, Fabiana Barbosa- ela financia um imóvel no Benedito Bentes. O lugar foi escolhido por estar próximo a um shopping e o valor das prestações encaixa no orçamento familiar.
Antes da entrega do imóvel, ela já está pagando um pequeno valor- o chamado pré-obra- que ajudará na amortização do valor das parcelas desse financiamento, por intermédio do Programa Minha Casa Minha Vida.
Trinta por cento da renda é comprometida durante essa operação financeira, tendo subsídio de R$17 mil por parte do governo federal e o prazo limite para quitação dos imóveis financiados pelo programa.
Para a administradora de empresas Paula Silva, moradora do Conjunto Residencial Medeiros Neto, no Tabuleiro do Martins, o financiamento longo do imóvel ajuda a ter tranqüilidade.
Financiei meu apartamento durante 30 anos e tenho certeza que fiz o melhor. É o investimento da minha vida, já que antes pagava aluguel em um local que não me agradava, disse.
Juros e prazos
O juro baixo e o prazo longo são os principais atrativos para quem quer financiar um imóvel.
Para a pessoa física, as taxas de juros do crédito imobiliário são bastante elevadas, com prazos de até 30 anos, disse Luiz França- diretor do Banco Itaú e presidente da Associação das Empresas de Crédito Imobiliário (Abecip).
A justificativa para isso é que a fonte de recursos- caderneta de poupança e FGTS- é barata para as instituições bancárias.
A fome das instituições financeiras cresceu nos últimos três anos, com a perspectiva de diminuição dos juros e com a melhora nas garantias devido a alienação dos imóveis.
Por outro lado, o mutuário fica preocupado quando percebe que no fim do financiamento do imóvel, ele fica duas e até três vezes mais caro do valor à vista. E os juros chegam ao máximo de 12% durante o ano.
O tipo de financiamento ideal é aquele que melhor se adequa à realidade de quem o procura. Para quem pode desembolsar valores mais elevados, o ideal é o de curto prazo. Porém, para famílias de renda muito baixa, essa opção é quase sempre descartada, considerando o volume de despesas com as quais essa renda é comprometida. Nos casos de financiamento de longo prazo, se a família tiver uma renda extra, é salutar que se faça uma antecipação de amortização, de modo a reduzir o prazo de financiamento. Quanto mais elevado o prazo, maior o custo de financiamento, disse a economista Luciana Caetano.
Além disso, o Governo Federal adotou uma estratégia para reduzir o déficit habitacional, contemplando quase todos os estratos sociais. Tanto a classe de baixa renda quanto a classe média têm lançado mão desse instrumento de antecipação de consumo, disse
De acordo com ela, Alagoas, em especial a capital, vem registrando nos últimos oito anos uma explosão de consumo na construção civil, tanto em novas edificações quanto nas reformas dos imóveis.
O principal instrumento da dinâmica deste mercado tem sido o crédito subsidiado, liberado pelo sistema financeiro nacional- o principal agente é a Caixa Econômica Federal.
Portanto, esse perfil é bastante diverso: vai desde famílias com renda de 1 salário mínimo até famílias com renda superior a vinte salários mínimos. Cresce, também, o número de pessoas que compram um imóvel para morar só, disse a economista.
Para ela, as dificuldades para financiar um imóvel são as seguintes: se o financiamento for via sistema financeiro nacional, há certa burocracia porque o agente financiador precisar ter certas garantias e cumprir, com rigor, o que determina a legislação, referindo-se às condições de financiamento.
Se este financiamento for diretamente com a construtora, a dificuldade maior é conseguir desembolsar valores mais elevados das amortizações, além das prestações intercaladas.
Deve-se procurar bastante antes de fechar um negócio, observar se a edificação está com toda documentação regularizada e sem nenhum débito pendente. Quanto ao débito, tente fazer o possível para reduzir o prazo de financiamento. Financie só o necessário. Não faz sentido manter dinheiro na caderneta de poupança quando se precisa de um financiamento, disse a economista.
Perguntas e respostas para se financiar um imóvel em Alagoas
1-Como escolher?
O principal ponto é a taxa final de juros. Compare o CET (Custo Efetivo Total), a taxa que engloba tarifas, serviços, seguros e impostos embutidos.
2-Quais são as opções?
Pode-se financiar um imóvel dentro ou fora das regras do SFH (Sistema Financeiro da Habitação), que só valem para imóveis de até R$500 mil. No SFH, os juros são tabelados- até 12% mais TR (para parcelas fixas, vai a 13% mais TR). No SFI (Sistema Financeiro Imobiliário), as regras são flexíveis, mas os juros nesse sistema hoje já não superam muito os cobrados no SFH.
3- Posso sacar o FGTS?
Sim, se tiver contribuindo pelo menos por três anos e não for dono de outro imóvel. O imóvel deve valer até R$500 mil.
4- Como são os pagamentos?
Há dois sistemas: Tabela Price e SAC (Sistema de Amortização Constante). Na Price, as parcelas são iguais do início ao fim. No SAC, serão decrescentes, sendo que a 1ª parcela costuma ser 25% maior do que na Tabela Price; a vantagem é que o valor final é 25% menor.
5-Faço pré ou pós- fixado?
No pré, as parcelas não variam diferentemente do pós-fixado. Os bancos, porém, cobram uma taxa maior no prefixado.
6-Posso financiar na planta?
Além do preço menor, comprar imóvel na planta têm a vantagem de que não são pagos juros até a entrega das chaves. Depois, a construtora pode cobrar juros de 1% ao mês mais IGP-M. Nesse momento, a maioria toma empréstimo em banco.