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100 dias de JHC: ameaça de greve dos rodoviários e Maceió ‘ficha suja’ na União

O prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PSB), completa neste sábado 100 dias à frente da gestão municipal e hoje faz coletiva apontando seus feitos na administração.

Há, sim, o que comemorar: a passagem de ônibus, por exemplo, é agora a mais barata do Brasil. E ele ainda anunciou o Passe Livre, gratuidade para estudantes.

São ações de impacto entre seus eleitores e garantem muitos likes e emojis nas redes sociais.

Só que os dois anúncios aconteceram em meio à ameaça de greve geral de motoristas e cobradores dos ônibus por cortes em direitos trabalhistas através das empresas, mas que impactam a gestão do prefeito; à derrubada de veto ao projeto de projeto de lei, com aval do próprio JHC, extinguindo a profissão de cobrador; uma administração que sequer aprovou o orçamento 2021 e já enfrenta ameaça de uma ação civil pública do Ministério Público Estadual e; a entrada de Maceió na lista suja da União, o CAUC.

“A Prefeitura se encontra no Cauc, é o SPC do serviço público. A Câmara tem o mesmo CNPJ da Prefeitura, portanto a Câmara está a partir de agora no Cauc. A gente precisa discutir estas matérias, são todas elas muito difíceis”, disse o vereador Eduardo Canuto (Podemos).

Consulta realizada pelo Repórter Nordeste mostra que a Prefeitura de Maceió não comprovou regularidade quanto a tributos, contribuições previdenciárias e à dívida ativa da União; não encaminhou as informações para o cadastro da dívida pública nem aplicou o mínimo de recursos, exigidos pela Constituição Federal, em educação.

Pior mesmo é que no item transparência, a promessa mais cara de JHC durante toda a sua carreira política, não vem sendo respeitada por ele mesmo. Segundo a União, ele não publicou seu relatório de gestão fiscal nem encaminhou seu relatório de gestão fiscal ao Sincofi, o sistema de informações contábeis do setor público.

Ônibus

Esta semana, os trabalhadores do transporte de massa quase deflagaram uma greve, impedida por uma liminar do Tribunal Regional do Trabalho. Mesmo assim, na quinta, os rodoviários obrigaram passageiros a andarem a pé uma parte do trajeto, como forma de tentar mostrar forças aos empresários.

Os empresários cobram repasse de R$ 2,5 milhões mensais em subsídios para o setor; os trabalhadores tentam evitar a demissão de cobradores, querem a continuação do pagamento do plano de saúde e do ticket alimentação; a gestão do JHC ainda não disse de onde virá tanto dinheiro por mês para bancar os subsídios e, na Câmara, orientou sua base a aprovar projeto que extingue a função de cobrador de ônibus.

Em dois meses economizou combustível. Em janeiro, foram gastos R$ 314.598,01; e em fevereiro, R$ 244.055,24. Mas, ainda não nomeou todos os ocupantes de cargos no segundo e terceiro escalões. Lógico, há economia em todos os lados da gestão. Aliás, no primeiro bimestre deste ano a arrecadação nos cofres de Maceió cresceu 57,6%; 43,8% em receitas e 37,8% em transferências federais.

O prefeito não faz selfie com crises. A pandemia só aparece quando ele mostra o avanço na quantidade de vacinados. O sucesso em organizar a fila da imunização animou sua equipe. Prefere o silêncio sobre o uso de máscaras pela população e não quer desgaste com empresários, enquanto 90% dos leitos nos hospitais estão ocupados.

Anunciou pacote emergencial 10 de março para os empresários (desconto de 15% no pagamento à vista do IPTU e isenção da primeira taxa de localização). A medida foi tão tímida que sumiu das realizações da nova gestão. O vai-e-vem nas redes, com seu mundo particular de cliques, likes e emojis mostra que elas são a aposta pesada do jovem gestor, sua principal ponte com eleitores. Agrada sua base evangélica com frases bíblicas diárias penduradas na web. Não há criticas nem elogios direitos ao presidente Jair Bolsonaro. A maioria de sua audiência é feminina, entre 18 e 44 anos. O estilo de Jota é uma máquina de promoção dele mesmo, modelo que também domina a comunicação do governador Renan Filho (MDB) e outros políticos pelo país.

Ajuda a promover, por debaixo da mesa, a proposta de implantação do projeto federal das escolas cívico-militares, criticado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal). E, na escola Nosso Lar, no bairro do Vergel, a impressora está quebrada, não há tinta para este aparelho e nem papel para os alunos rabiscarem as atividades da escola, mesmo à distância. Maioria dos alunos está sem aula on line. O apartheid tecnológico é uma herança maldita que lhe caiu no colo.

JHC, hoje, é o nome mais viável, segundo o Palácio República dos Palmares, para enfrentar o grupo do governador Renan Filho nas eleições do próximo ano. E ele pode fazer isso em nome do pai, João Caldas, que deve disputar um mandato a deputado federal com o quase descarte do senador Rodrigo Cunha do jogo eleitoral de 2022.

Rolam os dados.

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