Zooterapia: animais ajudam em tratamento humano

Eles auxiliam no tratamento porque proporcionam estímulos multissensoriais, que passam por questões como afeto, comunicação não-verbal, como estímulos visuais, táteis, auditivos, e a confiança

Lívia Meimes

Quem procura ajuda psicoterápica tem grandes chances de sair da sessão com a indicação de um tratamento inusitado: a compra, ou adoção, de um bichinho de estimação. Prova de que o homem está na natureza – e que a natureza está no homem – a interação de seres humanos com pets é cada vez mais valorizada quando ganhos em saúde física e mental são necessários.

E não pense que a interação é sugerida apenas para que uma pessoa não se sinta tão solitária: é mais do que isso. Especialistas, sobretudo em saúde mental, costumam dizer que os mascotes têm poder de equilibrar as nossas emoções, e, em alguns casos, restabelecer as funções do organismo por meio da troca de experiências. É a chamada zooterapia.

– Ter um animal em casa não vai fazer com que pessoa deixe de sentir a dor da perda, nem curar uma depressão. Mas poderá contribuir bastante para a diminuição dessa dor, tirando um pouco do foco nela. Ao se distrair, a pessoa equilibra melhor suas emoções, sofrendo menos e administrando melhor a situação – explica o psicólogo Fernando Elias José.

Como um antidepressivo natural, e com pouca contraindicação, cuidar de um cãozinho, coelho, papagaio, gato ou cavalo é válido para os mais diversos tipos de problemas, desde aqueles que estão passando por uma depressão sazonal, como um luto, a indivíduos portadores de necessidades especiais, crianças com problemas de relacionamento ou aprendizagem, entre outros. Segundo o artigo publicado na revista Journal of Personality and Social Psychology, o estudioso Allen McConnel, da Universidade de Miami, disse que, em termos gerais, essas pessoas têm mais qualidade de vida e conseguem resolver melhor diferenças individuais do que as que não têm animal de estimação.

Outro estudo, publicado na American Journal of Cardiology, mostra que pessoas que interagem com animais constantemente tendem a apresentar níveis controlados de estresse e de pressão arterial, além de estar menos propensos a desenvolver problemas cardíacos.

O mecanismo que transforma um cãozinho companheiro em um forte aliado na qualidade de vida do seu dono passa, é claro, pela troca de afeto entre eles. Segundo a veterinária e doutora em Psicologia Ceres Faraco, discute-se várias questões que tangem a aproximação de pessoas com bichos, sobretudo os considerados mais próximos dos seres humanos, como cães e gatos.

Eles auxiliam no tratamento porque proporcionam estímulos multissensoriais, que passam por questões como afeto, comunicação não-verbal, como estímulos visuais, táteis, auditivos, e a confiança. É como se a pessoa se sentisse praticamente “obrigada” a sair de dentro de si, pois o animal demanda afeto e faz nos sentir necessitados a atendê-los. Sem contar que o animalzinho não reclama, não pede nada em troca, não dá bola para aparência e o quanto alguém está sofrendo. No mundo animal não existe esse tipo de conflito – resume a especialista, ressaltando que a resposta positiva a essa “obrigação” é quase mágica para quem precisa se livrar de um sofrimento.

De acordo com a responsável pela Terapia Assistida por Cães da Associação Brasileira de Hippoterapia e Pet Terapia (Abrahipe), Paula Bicchile Suelotto, no contato de crianças, jovens e adultos portadores de necessidades especiais – seja por comprometimento motor, mental ou em ambos os aspectos – a utilização dos cães facilita muito o trabalho do profissional, pois o indivíduo atendido não considera que está em processo terapêutico, mas sim, brincando com os cães.

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