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Voz às mães alagoanas

A CPI que investiga o genocídio da juventude brasileira, passando pelo estado que figura entre os maiores matadores de seus jovens, Alagoas, apresenta a primeira mesa lindamente posta, no mais requintado modelo formal, governamental.

A primeira foto, a primeira fala, a decisão de apenas falar. E neste interím, dizer o que pensa, o que escolhe, o que quer. Depois levantar sob uma justificativa ensaboada e ir embora.

Foi assim, de maneira asséptica e descomprometida com a discussão posta, que figuraram secretários estaduais alagoanos na CPI. Apenas registrando o asco gerado por suas apirações purpurinadas, sem conferir mais ibope, afinal vivem e alimentam a sanha egóica através desta energia, reforço a constatação de vivermos um tempo em franco desgaste do diálogo entre governo e sociedade.

Quero falar com ênfase é do povo que esteve esperando por quatro a cinco horas, por dez minutos de fala, tamanha é a dor que os sufoca, os inquieta, tirando a saúde, mas não o vigor da denúncia.

Quando o povo falou, os paramentos tinham sido desfeitos. Já não havia ninguém a servir café. As autoridades locais, em sua maioria, tinham desertado como um bando de aves fugidias.

Esse público local, geralmente herdeiro de sobrenomes e casas de veraneios à beira mar, não suporta ouvir o povo! Suas falas institucionais cospem larvas, investindo em discursos viris de reafirmação da força, legitimando cada vez mais a violência institucional.

Mas a mãe do Davi, moradora do Conjunto Frei Damião, no Benedito Bentes, clamava por notícias do filho. A mãe que recusa aceitar a morte de um filho tornado éter. Cadê o corpo do Davi?

Os nomes dos policiais militares envolvidos na abordagem final ao jovem maceioense foram citados na plenária, que informava sobre a convocação para depor em Brasília. Acalmando um tantinho que seja a alma sedenta de uma mãe, entre tantas ali representadas.

Fato: Alagoas não mata apenas jovens filhos, pois atinge com sua truculência institucional todas as mães.

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