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Você está sendo sequestrado

O tempo de observação e estudos sobre as formas de relação neste momento histórico, seja nos aspectos globais, ou no território pátrio, nunca findará; no entanto, desde o advento recente de uma reconfiguração de benefícios ao capital, atacando democracias, cidadanias, autonomias, de forma contundente, urge sigamos atentos ao que se apresenta como verdade.

Temos que lidar com desafios que muitas vezes estarão acima da cognição de muitos preparados, como se uma imensa teia de circunstâncias criadas para confundir e alienar tivesse sido aberta ao mesmo tempo. Sem falar no quanto se torna cansativo o envolvimento em tantas lutas simultâneas.

Temáticas que parecem isoladas, como por exemplo aquela que trata dos malefícios da indústria alimentícia para a saúde global, acabam chegando até cada um de nós através dos nossos próprios corpos. Não somente através do adoecimento, mas principalmente das viciações em sabores sintéticos e pela domesticação das papilas gustativas que nos induzem à compras de tudo aquilo que não nos nutre.

Podemos também nos interessar pelas dificuldades de sobrevivência nos conglomerados urbanos, cada vez mais tomados pela lógica assombrosa do salve-se-quem-puder em uma sociedade onde as relações de trabalho estão direcionadas para o indivíduo acima de tudo, em um universo onde não se discute mais direitos trabalhistas de porte algum, porque todos estão sendo responsáveis em gerar a sobrevivência através de subempregos e espetacularização da espécie nas redes sociais. Estudar para quê? Profissionalizar a quem? Uma nova lógica de esvaziamento da pessoa está em curso através da sedução de grandes fortunas conseguidas por “palhaços midiáticos”, fazendo as novas gerações acreditarem que também podem alcançar essa riqueza, como um dia o futebol prometeu.

A destruição da ideia de esquerda por dentro, como grande sacada da direita empresarial no mundo, virou até tabu. Não se pode racionalizar debates e análises sobre esta questão, enquanto ela se alastra pelos espaços antes ocupados por culturas de resistência e formação política. Agora é no grito, na comoção, na repetição de jargões que se acreditam revolucionários. Um castelo de papel que o menor sopro conservador destruirá.

Antes de falar sobre saúde do corpo e as políticas de não-acesso aos sistemas de cuidado, já ressaltamos que eles estão nos induzindo a acreditar que falar sobre política envolvendo a luta por direitos primordiais pode levar nossa saúde mental, por isso mesmo, direcionam uma sensação de participação intensa na história do mundo a partir das idas ao banheiro, usando redes sociais como espaços de militância.

Não traremos agora outras reflexões também pertinentes porque o leitor está convencido de que os nossos textos precisam ser breves para merecerem leitura.

Eis alguns detalhes do sequestro histórico e antropocêntrico dessa gravíssima hora.

SOBRE O AUTOR

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