Os sergipanos serão as próximas vítimas da privatização do saneamento. A Iguá Saneamento arrematou a Deso por R$ 4,5 bilhões. Segundo o Mangue Jornalismo, a prova de que a agora ex-estatal valia muito mais que a estimativa oficial, R$ 2 bilhões.
A estatal da água e saneamento em Alagoas, a Casal, perdeu há 4 anos (aniversário em 30 de setembro, vamos soprar as velinhas) o monopólio do saneamento. Na região metropolitana assumiu a BRK, que ofereceu R$ 2 bilhões quando o lance mínimo pela companhia era de R$ 15 milhões. Um colosso.
O dinheiro – juram- virou obras para o desenvolvimento de Alagoas. Os alagoanos ficaram com a parte indigesta do banquete: pelos próximos 35 anos assistiremos Maceió ter asfaltos triturados e remendados de qualquer jeito pela BRK. Novos investimentos? Eles devem vir. Talvez, quem sabe.
Pelo segundo ano consecutivo, a BRK/Alagoas acumula prejuízo milionário. Segundo ata da assembleia geral ordinária realizada em 16/4/2024, na capital alagoana, o prejuízo registrado no ano de 2023 foi de R$ 41 milhões. No acumulado são R$ 134,9 milhões, mais que o dobro em relação a 2022: R$ 93,6 milhões.
Na pratica, dependemos da boa vontade dos donos da BRK para a universalização da água e do esgoto pelas próximas décadas. Quem deveria investigar, não investiga. Não vêem o que os olhos deveriam ver. Nem escutam as reclamações diárias, nas redes sociais, na Justiça, no Procon, envolvendo a BRK.
Os Urbanitarios foram e são os únicos a denunciar a privatização.
Em Sergipe, a Iguá Saneamento assume a Desk. Em 2021 venceu o leilão de concessão no Rio de Janeiro, com outorga superando R$ 7 bilhões. Resultado? Salto de 564% nas queixas por cobranças abusivas. Para a empresa, um cenário normal já que os hidrômetros precisam ser trocados.
Para melhorar a imagem, a empresa vai distribuir 120 mil litros de água no Rock In Rio. Hidratada, a Cidade do Rock sentirá goela abaixo as delícias da privatização.
Forma de ganhar apoio popular – ainda que provisório- em investimentos, cercados de dúvidas.
Ou melhor: dividas.
Segundo a Bloomberg Línea, a Iguá tem uma dívida bruta de R$ 7,1 bilhões e uma dívida líquida de R$ 6,17 bilhões (ao final de 2023).
Ainda segundo a Bloomberg Línea: “o endividamento da Iguá é uma grande preocupação da companhia, especialmente em um cenário de juros ainda elevados”.
O Rio – assim como a região metropolitana de Maceió – dependem da boa vontade dos empresários para cumprir os contratos de concessão.
É como lavar os pés com lama e sair andando pela casa. Os rastros ficam, mas quem limpa não é o responsável pela sujeira.
E você? Está de alma lavada e bolso cheio de dinheiro para viver ou aguentar o mundo da privatização da água?
