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"Viva a democracia!"

Carlos Alexandre- Correio Braziliense

Está movimentada a política latino-americana. O retorno de Chávez à Venezuela, as eleições no Equador e o périplo da blogueira cubana Yoani Sanchéz pelo Brasil dividem as atenções na ressaca de carnaval. É uma oportunidade para refletir e ressaltar a imperiosa necessidade de se fortalecer a democracia nos países das Américas do Sul e Central. Em Havana, Quito e Caracas, o discurso esquerdista reverbera com intensidade. Percebe-se também intensa adoção de programas assistenciais, o que não significa necessariamente um equívoco. Condenável, sim, é a restrição às liberdades de opinião, em particular da imprensa.

Talvez não por acaso partiu da cubana Yoani Sanchéz a declaração mais sensata sobre as reais necessidades da América Latina. Em resposta aos manifestantes brasileiros que a tachavam de “financiada pela CIA”, “traidora da revolução” e termos congêneres, a blogueira bradou: “Viva a democracia, quero também essa democracia no meu país”.

Além da adoção do regime democrático, as perspectivas da América Latina residem na busca de um modelo de desenvolvimento que diminua a participação do Estado, reduza a carga tributária e melhore os serviços públicos de saúde e educação. A experiência brasileira na aplicação de programas como o Bolsa Família mostra que incentivos monetários contribuem para a erradicação da pobreza e a ascensão social. A dificuldade surge no momento em que essas ações sofrem um verniz maniqueísta, voltando-se assim ao estéril debate de oposição e situação.

No contexto sul-americano, o Brasil desempenha um papel natural de líder regional. Mas as dificuldades econômicas, centradas em baixo crescimento e quadro inflacionário, com tendência a aumento de juros, emperram o avanço desse processo. A preocupante situação da Argentina, que aplicou a falida receita de congelamento de preços para enfrentar o apetite do dragão, também complica avanços entre os países. Como não convém nem mesmo falar em Mercosul, deve-se ao menos esperar que cada governo encontre o caminho que julgar coerente para combater a miséria e tornar mais sólidas as instituições democráticas. As regras são todas conhecidas. Basta segui-las com honestidade.

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