O jornalista Maurício Gonçalves, na Gazeta de Alagoas deste domingo, mostra como as famílias alagoanas formam ilhas separadas, por todos os lados, pela solidão, quando o assunto é a violência.
Na matéria, cita os casos da estudante Bárbara Regina; do jovem Davi da Silva; do pai de dois filhos, Ricardo Alexandre, assassinado.
Formam ilhas os que lutam contra a impunidade alagoana por existir casuísmo de alguns lados das instituições.
Apesar do empenho do procurador Sérgio Jucá e dos integrantes do Gecoc, nem todo o Ministério Público de Alagoas tem ânimo de enfrentar investigações, por si só, perdidas.
Quem matou o estudante Fábio Acioly? Ele foi morto duas vezes: queimado pelas chamas do ódio e pela sociedade, justificando condutas do jovem como “explicações” para seu martírio.
O quê aconteceu naquele dia?
E no caso da estudante Bárbara Regina? Desaparecida na porta de uma boate, onde está o assassino? Ou o acusado?
No MP este quebra-cabeças é quase insolúvel. Assim como é insolúvel em partes do Tribunal de Justiça. Da Polícia Civil. Da Polícia Militar.
Famílias enlutadas pela dor do crime, geralmente perverso, convivem com a própria solidão.
A bancada federal do Estado mais violento do Brasil está no exercício do ego ou no caminho traçado entre ministérios, atrás de emendas aos seus currais eleitorais…
… na Assembleia Legislativa, violência e impunidade são temas quase proibidos. Jornalistas são intimidados por deputados acusados em crimes…
… o Governo busca heróis ou milagres na segurança pública…
… e os prefeitos terceirizam o assunto “violência” ao Estado. Como se pertencessem a condomínio de luxo, isolando-se de Alagoas.
Passada a campanha eleitoral, quem as famílias vítimas da barbárie, do sangue derramado, devem procurar?
Por enquanto, a solidão é uma crua companheira a quem deseja justiça. E os artífices da lei não podem negar o que a própria realidade descreve, sem semicírculos.
Retas estranhas. E dolorosas.