Violência: a continuidade do subdesenvolvimento em Alagoas

Luiz Eduardo Simões de Souza- Historiador Econômico

Há algumas semanas, mostramos dados da realidade violenta de Alagoas, o que deve ter espantado algumas pessoas e desagradado umas tantas outras. Em atenção ao primeiro grupo – o segundo faz parte do problema deliberadamente e não merece maior deferência nossa – mantivemos nosso olhar nas principais bases de dados do tema, para mostrarmos o resultado final do que vem fazendo o governo do Estado para mudar o quadro ora visto.

Pois é, a FLACSO Brasil, acaba de lançar o Mapa da Violência 2014, um robusto compêndio de dados que atualizam a questão da violência no Brasil. De lá para cá, Alagoas permaneceu na mesma situação: um Estado de ponta na violência. Campeão em violência juvenil. A se contar apenas a última avaliação, bicampeão. Entre 2002 e 2012, as taxas de homicídios juvenis de Alagoas resultam acima de cinco vezes maiores que as de Santa Catarina ou de São Paulo. A se vislumbrar as propostas oferecidas pelas lideranças políticas tradicionais do Estado, a perspectiva é de uma hegemonia alagoana na violência.

Não teve para ninguém. E não há nada para se comemorar.

As respostas domésticas a esses dados oscilam entre a mudança de assunto, de preferência algo alienado e mirabolante, como a aposta em inovações tecnológicas inofensivas ou de araque, ou mesmo um empreendedorismo que no máximo serve para lavar dinheiro muito suspeito. Também há a velha proposta tradicional, fedendo a cana fermentada nos tonéis da dívida pública astronômica do Estado.

Quando tais “zelites”, através de seus prepostos, lavam as mãos para a questão central do subdesenvolvimento do Estado, qual seja a posse concentrada de terra, alegando desde a sua inconveniência até a incapacidade para resolvê-la (melhor do que isso, só lavrando um atestado de incompetência, mas aí, o que justifica o cargo?), e os supostos técnicos “competentes” escolhem esconder-se, fazendo-se de surdos, cegos, mudos, loucos, inimputáveis, aquiescendo bovinamente ao que é sabido como errado, nocivo, pernicioso e incapacitante da constituição do desenvolvimento, não há muito a se fazer a não ser torcer pelo surgimento de alternativas.

Hoje, Alagoas reproduz, como ontem, o subdesenvolvimento. Alguém se habilita a mudar isso? Essa sim, seria uma verdadeira declaração de amor ao Estado. O restante seria melhor realizado pelos sagüis da orla, muito mais graciosos do seus parentes terra adentro.

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