Vilela oferece Assistência Social a Galba Novaes

Mas, o acordo inclui a desistência do presidente da Câmara na disputa pela Prefeitura de Maceió

O suplente de senador Euclydes Mello (PRB) dá cores a uma frase que já se tornou bordão em tempos eleitorais: “Em política, só não vi boi voar”. Após a mágoa de ter sido deixado de fora do palanque do ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), o presidente da Câmara de Vereadores de Maceió, Galba Novaes- do mesmo partido de Euclydes- aceitou conversar com o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Os dois afiaram os bigodes na terça-feira, em encontro no Palácio República dos Palmares, pela manhã. O governador reclamou das críticas de Galba, sobre a segurança pública- diariamente, Novaes coleciona discursos sobre a violência, mirando o chefe dos tucanos em Alagoas.
O encontro foi tão positivo que rendeu elogios do presidente da Câmara- sempre pontual, desta vez chegou às onze da manhã à Casa de Mário Guimarães. Ninguém entendeu a alegria. E ele mesmo falava do encontro dele com o governador. 
O céu onde os bois voam ajuda a entender os sorrisos: Vilela pediu a Galba que desistisse de concorrer às eleições em Maceió. E ofereceu um robusto argumento: indicar o novo secretário de Assistência Social de Alagoas. Nada ficou fechado porque Vilela terá de conversar com o senador Benedito de Lira (PP)- que quer o enteado e vereador , Marcelo Palmeira, como vice do deputado federal Rui Palmeira (PSDB). 
Só que Biu de Lira não pode ter tudo: Palmeira fica com Palmeira, mas abre mão da Assistência Social, a ser entregue a Galba Novaes.
Biu de Lira: o chefe da Assistência terá de escolher entre Marcelo Palmeira e pasta do Governo
Mas, houve boi na linha das negociações. O acordo seria: Galba Novaes viajaria na quarta-feira, a Brasília, em caravana governamental, para ajustar os detalhes do plano. Vilela foi-se; Novaes ficou em Maceió, em reunião com os vereadores.
O presidente da Câmara tem as seguintes escolhas: aceitar disputar a eleição- onde dificilmente fechará um vice (cogita uma chapa puro sangue, o que seria uma forma mais rápida de derrota); desistir da eleição e indicar o secretário Estadual de Assistência Social; continuar na eleição, mas aceitar a proposta do deputado Jeferson Morais (DEM), sendo vice do parlamentar. 
Morais, por sua vez, negocia também com a deputada federal Rosinha da Adefal (PT do B) na posição de vice.
Os demistas têm nas mãos uma pesquisa- de consumo interno- que mostra que o vice ideal é mesmo Rosinha. O que inviabiliza o meio de campo de Galba Novaes.
“A situação do Galba não é fácil, mas o fato é que o Collor liberou a disputa, já sabendo que o acordo com Ronaldo não funcionou”, disse um vereador, sob anonimato.
Galba Novaes: sondado e quase conquistado pelo Palácio República dos Palmares
Em 2010, Galba era vice do senador Fernando Collor (PTB) na disputa ao Governo. Collor perdeu, mas continuou senador; Galba seguiu como presidente da Câmara. 
No palaque, Galba não atacou- nem uma única vez- o governador; Collor coleciona adjetivos negativos ao chefe do Executivo, com quem vai bater chapa em 2014- na única vaga ao Senado (hoje de Collor). 
Proximidade de nova eleição, Galba mudou o jogo. O ataque ao Governo é ostensivo- a busca é pelo espaço e a alta rejeição de Vilela em Maceió por causa da violência.
“Continuo achando o Governo ruim”, disse Galba, dias antes da conversa com o governador.
Novaes era cotado para ser vice do ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), candidato a Prefeitura. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, embarcou mais rápido na nau da trairagem: colocou como vice o presidente do PMDB Maceió e secretário de Infraestrutura, Mosart Amaral. Não tem o mesmo poder oratório de Lessa nem o caráter imprevisível. Mas, é um técnico e está sob o controle de Renan.
Mandando em todos os lados
Ao lançar três candidatos em Maceió, o governador tenta, diretamente, interferir em todas as composições, apesar de publicamente assumir a opção eleitoral pelo deputado federal Rui Palmeira.
No DEM, tenta atrair Galba ou Rosinha da Adefal como vice de Jeferson Morais; com o PSB, a proposta é desidratar a candidatura do deputado federal Givaldo Carimbão. No dia 8, no hotel Ponta Verde, o presidente municipal do PSDB, Marco Fireman, conversou com o senador Benedito de Lira (PP). Trazia recado do governador: o vice do PSDB seria Marcelo Palmeira, do PP.
“Isso para que o Carimbão seja forçado a desistir da disputa. Se desistir, ele fecha apoio com o PSDB”, disse um integrante do Governo.
Carimbão: à beira de sair da disputa pela Prefeitura em Maceió
Carimbão ainda mantem seu nome na disputa. E está sem vice. Seu tempo de televisão, porém, é bem quisto pelos tucanos- para enfrentar a poderosa oratória de Lessa.
Para forçar uma resposta mais rápida, o PSDB negocia o marqueteiro do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). É Sidônio Palmeira. Entendem os tucanos que vão enfrentar as articulações de Renan Calheiros em Brasília- para favorecer Lessa; a influência política de Collor; e a impopularidade do governador, guindada pela bandeira favorável de Lessa- apesar do risco da inelegibilidade do ex-governador.
A Cooperativa dos Produtores de Açúcar e Álcool também é contactada para ajudar (financeiramente) Rui Palmeira. O discurso: vencendo Maceió, Rui será o candidato dos usineiros em 2014 ao Governo. Ou então o secretário de Saúde, Alexandre Toledo- também usineiro. 
O PPS mantem, na disputa, Nadja Baía. O vice deve ser do PPS- a chapa puro sangue quase sem chances diante da máquina governamental. Mas, Nadja será lançada com pompa e circunstância no dia 30 de junho pelo presidente nacional do PPS, Roberto Freire.
Vilela estende sua rede também em Arapiraca. Mantém uma relação amistosa com a deputada federal Célia Rocha (PTB), estimulando interlocutores com mensagens de paz e amor- apesar dele apoiar o ex-secretário de Articulação Política, Rogério Teófilo, cuja candidatura não alavanca nem atrai o “Derrubado” Alves Correia, que mantem seu nome na disputa à Prefeitura do segundo maior colégio eleitoral do Estado.
Só que Célia Rocha está no partido de Collor, e vai disputar com Vilela a vaga ao Senado em 2014. Célia vai aguentar uma campanha em banho maria? Depende de Collor- que suspendeu as vindas para Alagoas.
Em Santana do Ipanema, o candidato do governador é o deputado Marcus Ferreira (PSDB). Mas, Vilela mantem relações estreitas com a família Bulhões- em especial a prefeita, Renilde, que apoia Gustavo Pontes de Miranda, rival de Ferreira. 
Era um cenário improvável aos palacistas há algumas semanas atrás; os bois de Euclydes Mello pelo visto não apenas voam. Eles também falam e atraem os adversários para uma boa conversa. 

.