O vice-presidente Hamilton Mourão mostrou neste final de semana, à revista Época, que está ocupando novas posições, num contexto de denúncias contra Flávio Bolsonaro.
Não precisou falar do filho do presidente para mostrar que terá a caneta nas mãos e a força institucional da Presidência da República para agir como quiser no mês de fevereiro, quando Bolsonaro se afasta do cargo para uma cirurgia.
O aviso do general: pôs em dúvida a capacidade técnica do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, além das declarações dele sobre os Estados Unidos e Israel.
O vice revelou que se reúne com representantes de outros países, sem o chanceler brasileiro, indicativo de desprestígio de Araújo junto ao vice-presidente.
Mourão deixou claro que pode demitir Ernesto Araújo. Um personagem indicado pelo astrólogo Olavo de Carvalho, com indicações também no Ministério da Educação e guru dos Bolsonaro.
Ponto emblemático na entrevista, que mostra a discordância mais explícita do vice com o presidente: a instalação de uma base militar dos americanos no Brasil. Bolsonaro anunciou esta base e teve de recuar por causa da repercussão negativa entre os militares.
O vice quer mostrar a que veio. Inclusive podendo embarcar na nau da trairagem, acaso as denúncias contra Flávio e seu motorista Queiroz cheguem ao presidente e exista pressão para o impeachment do chefe do Executivo. Lembrando que Mourão é próximo do senador Renan Calheiros, um ponto de inflexão no Palácio do Planalto porque os Bolsonaro não querem Renan presidente do Senado.