O dinheiro recebido a mais pela Assembleia Legislativa de Alagoas, durante o ano passado, seria suficiente para pagar os custos mensais de toda a rede hospitalar atendida pela Secretaria Estadual de Saúde, por dois anos e 10 meses.
Rede que conta com 26 hospitais.
Em créditos suplementares – repasses a mais fora do orçamento- a Assembleia recebeu R$ 184 milhões em 2024. Os custos mensais da rede hospitalar bancada pela Sesau é variável e o Repórter Nordeste tomou como base o mês com menor repasse, abril de 2023: R$ 5.669.868,99. Os números de 2024 ainda não foram divulgados.
Enquanto isso, os R$ 184 milhões entregues para a Assembleia tinham como justificativa oficial bancar os custos da Casa, pagam uma escola legislativa que não existe e alunos fantasmas, além altos salários a alguns poucos funcionários. Isso levanta suspeitas porque é um modo de operar bastante semelhante ao investigado pela Polícia Federal em operações como a Taturana, quando servidores cedem seus nomes e contas bancárias e entregam parte dos salários a parlamentares. O dinheiro bancou imóveis, carros de luxo e comprou votos nas eleições.
Penalizadas
A Sesau é uma das secretarias mais penalizadas por bloqueios judiciais para pagar tratamentos médicos, negados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Sem alternativa, os pacientes buscam a Justiça que muitas vezes bloqueia as contas do Estado para custear os atendimentos.
Algumas destas ações chamam a atenção, como as que envolvem a compra do medicamento mais caro do mundo, o Zolgensma, para tratar a atrofia muscular espinhal (AME), doença grave, rara e que afeta o neurônio motor espinhal.
Em 2023 a secretaria estimava que, se a Justiça acatasse todos os pedidos de tratamento a crianças entre 0 e 2 anos, seriam dispendidos R$ 80,8 milhões.
