Usineiros de Alagoas crescem em outros estados

Números da Cooperativa dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas mostram que os principais usineiros locais já moem mais cana em Minas e São Paulo do que em seu Estado de origem. O tradicional grupo Carlos Lyra, por exemplo, produz 3 milhões de toneladas em Alagoas e outras 9 milhões fora. O mesmo acontece com os grupos João Lyra e Tércio Wanderley

Valor Econômico

Dos 45 mil hectares que as  plantações de fumo chegaram a ocupar em Alagoas, cerca de 25% foram  tomados pelos canaviais. A chegada ao agreste central é considerada a  última etapa da expansão da cana no Estado. Sem espaço, a secular  indústria sucroalcooleira alagoana migrou para outros polos,  principalmente em São Paulo e Minas Gerais.

“A cana-de-açúcar  presente em Arapiraca está no limite de um índice pluviométrico  aceitável. Se entrar um pouco mais para o interior, já é semiárido”,  afirmou Rui Medeiros, da Seagri.

Números da Cooperativa dos  Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas mostram que os principais  usineiros locais já moem mais cana em Minas e São Paulo do que em seu  Estado de origem. O tradicional grupo Carlos Lyra, por exemplo, produz 3  milhões de toneladas em Alagoas e outras 9 milhões fora. O mesmo  acontece com os grupos João Lyra e Tércio Wanderley.

Já o grupo  Toledo se mantém predominantemente doméstico, com 2,5 milhões de  toneladas caseiras e 1,5 milhão moídas fora de Alagoas. Ao todo, os  usineiros alagoanos produzem atualmente 30 milhões de toneladas no  Estado e 25 milhões em outros polos.

A indústria local viveu seu  apogeu na década de 1980, quando superou Pernambuco e passou a ser a  principal produtora de açúcar e álcool do Nordeste. No entanto, com o  fim do Proálcool – e da reserva de mercado para o açúcar da região – os  grupos foram obrigados a investir em eficiência para competir com as  usinas do Centro-Sul.

Os investimentos resultaram no encolhimento  da área plantada, mas sem redução do volume produzido, estável em 30  milhões de toneladas há anos. Com terrenos mais planos do que em  Pernambuco, os empresários alagoanos vem conseguindo maior êxito na  mecanização da colheita, que hoje já representa 30% do total, segundo  José Ribeiro Toledo Filho, presidente da cooperativa.

O setor  também comemora a produtividade de 72 toneladas por hectare conquistada  na temporada 2010/11, a maior já registrada pela indústria alagoana.

De  acordo com Toledo Filho, os usineiros de Alagoas devem se tornar em  breve exportadores líquidos de capital. “Assim que as condições [de  preço] melhorarem, é certo que haverá expansão”, afirmou o empresário.  Interior do Estado de São Paulo, Triângulo Mineiro e Mato Grosso são os  prováveis destinos.

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