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Unidade de Menores é interditada; Governo tem 48 horas para transferir jovens

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Vinte e um adolescentes fugiram da Unidade de Internação de Menores. Este ano, foram 60.

Doze dias antes, a 1ª Vara da Infância fez uma inspeção: descobriu que faltam janelas, os banheiros estão danificados, a fossa está estourada, não há extintores de incêndio, existem escorpiões, ratos, baratas, mosquitos da dengue.

Concluiu o juiz da Vara da Infância, Ney Alcântara: o local é insalubre.

Explicou a Defensoria Pública: nenhum animal, muito menos gente, merecia estar ali.

O juiz interditou a Unidade de Menores. Novos internamentos estão proibidos.

Mandou o recado ao governador Renan Filho (PMDB): ele tem 48 horas para remover os adolescentes.

A fuga dos 21 jovens denunciou o caos da Unidade. Um caos que não é da era Renan Filho. Vem desde os oito anos de Ronaldo Lessa, varou os oito anos da gestão Teotonio Vilela Filho e, agora, chegou a Renan.

Mas, há uma coincidência: nos dois governos anteriores, houve rebeliões. Lessa assistiu, pela TV, adolescentes serem degolados e as cabeças jogadas para o lado de fora da UIM.

Renan Filho é um governador de conciliação. Ainda que sua equipe ficasse atrapalhada na reação aos grevistas da Polícia Civil.

Nas unidades de menores, porém, o governador repete o script dos outros estados: o encarceramento de jovens infratores, que é uma bomba de efeito retardado.

Ao sair da jaula, a fera devora a sociedade.

Jovens infratores não são mais a “semente do amanhã”.

Transformaram-se em potenciais criminosos, repetirão a lógica do crime, serão mão de obra desqualificada do tráfico até serem eliminados- antes arrasando o destino de quem estiver pela frente.

E assim seguirão enquanto o Governo não construir uma política de Estado nas unidades, onde operem profissionais de saúde, assistência social, educadores.

Jovens infratores enjaulados serão, um dia, soltos.

 

O país não tem pena de morte. Ela existiu na Colônia. E matava pretos, pobres e bruxas.

No Brasil que mais mata no mundo, o extermínio é a apologia ao fracasso do Estado.

Um Estado com ares de Leviatã: centralizador, cruel.

E violento.

A menos que Renan Filho queira a guerra de todos contra todos.

Daí o monstro será a alma de cada um.

E seus infernos de rebeliões e ódios…

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