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Uma análise da greve dos jornalistas alagoanos

A histórica greve de 9 dias dos jornalistas alagoanos terminou e eles retornam ao trabalho nesta quinta-feira (4).

Por unanimidade, os desembargadores do TRT decidiram que as empresas terão de reajustar- e não cortar- os salários dos jornalistas. Será uma reposição de 3% mais estabilidade nos empregos de 3 meses. As empresas queriam cortar 40% dos salários dos profissionais.

Por óbvio, as empresas reagirão, fazendo circular nos RHs a famosa lista dos futuros demitidos.

Só que o mais importante da greve é a expressão nacional do que acontece por detrás do pano vermelho.

E é uma pena que a maioria dos jornalistas pelo país desprezasse a greve porque eram de alagoanos. Padecemos de análise de conjuntura. Uma bobagem característica do provincianismo que ainda se espalha no Brasil.

Existe um desmantelamento das condições profissionais nas redações em todo o Brasil, com baixos salários, um mercado que absorve cada vez menos mão de obra nas grandes empresas, sobrecarga nas funções e muita gente doente no corpo e na alma.

A era Bolsonaro potencializa esse desprezo por quem faz comunicação.

O jornalismo está mudando em todo o mundo. Os espaços de trabalho serão cada vez menores e em muitos as paredes e o teto nem existem mais. A redação virou a rua- uma live num dispositivo móvel ou um texto digitado rapidamente sentado num meio fio reportam aquele fato ou registra a opinião de quem faz jornalismo. Sim, o jornalista tem opinião. Mesmo quem diz ser neutro ou falsamente imparcial.

A greve dos alagoanos das redações mostra as mudanças do jornalismo. Mudanças em todos os lugares. A velocidade delas é questão de tempo. E não será a única vez.

P.S: Que os profissionais classificados como “fura-greve” sejam deixados em paz. A exposição dos seus nomes e rostos demonstrou intolerância derramada nas redes sociais e exatamente por quem não deve ser intolerante nestes tempos estranhos. Não se pode recorrer a meios covardes para denunciar quem optou em não aderir à greve. A vida é feita de escolhas. Cada uma faz – ou fez- as suas. Vida que segue.

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