Casos de censura e/ou agressão a jornalistas se espalham pelo Brasil. Alguns têm mais divulgação que os outros. Muitos permanecem ignorados. Outros vão para debaixo do tapete das redações. Porém, existe ligação entre eles.
A extrema-direita dita as regras. Blindado pelas instituições, principalmente o Judiciário, o bolsonarismo constroi, alimenta e retroalimenta a censura e ou/agressões, que incluem jornalistas. O bolsonarismo sabe que o jornalismo é uma profissão ultra competitiva. Sabe que a peleja pela melhor história, o status na profissão,o prestígio esmagando uns aos outros esborra do lado profissional. Vai a detalhes pessoais.
Existem jornalistas de empresas concorrentes que não se falam, não sentam na mesma mesa, não ajudam a promover o trabalho do outro nas redes sociais.
Há jornalistas que formam bolhas ou panelas, cercadas de muralhas e fossos por todos os lados, onde não existem pontes conectando os mundos.
Há jornalistas que ignoram as demissões em massa nas empresas de comunicação. Ou ignora uma demissão. É como se membro da família fosse expulso de casa. Deserdado. Virou a ovelha negra.
Estranho seria se, com estas características, os casos de agressão e/ou censura a jornalistas não se transformassem em um problema para todos nós, os jornalistas.
“Primeiro levaram os negros. Mas não me importei com isso. Eu não era negro…”. É mais ou menos assim.
Há dois jornalistas no dossiê antifascismo do deputado estadual Douglas Garcia (PTB-SP). “E daí? Não estou na lista…”
Bolsonaro ameaça encher de porrada a boca de repórter de O Globo. “E daí? Não gosto da Globo…”
Justiça censura Luis Nassif. “E daí? Não gosto da esquerda…”
Justiça censura o Jornal Nacional, proibido de dar documentos secretos sobre o esquema da rachadinha envolvendo Flávio Bolsonaro. “E daí? Não gosto de política…”
É preciso nós, jornalistas, podermos agir em conjunto porque o ódio e a violência estão avançando. E a sujeira se aproxima de todos os pés.
Inclusive dos que não se importam com ninguém.
