E o próprio grupo do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), que prepara os deputados Jeferson Morais (DEM) e Rui Palmeira (PSDB) para a guerra contra um dos usineiros mais poderosos de Alagoas.
Para o presidente estadual do PSDB, Claudionor Araújo, Lyra é, sim, um dos adversários dos tucanos nas eleições deste ano. “Acredito que o João Lyra é um dos candidatos. Ele tem o objetivo de ser eleito para um cargo no Executivo. E ele conta com o apoio do prefeito Cícero Almeida”, disse.
JL não preocupa os tucanos, pelo menos na opinião de Claudionor. “Estamos bem com nossos candidatos. Temos no PSDB o Rui Palmeira: ético, com referência familiar”, resumiu.
“O PSD prepara um calendário eleitoral para os municípios”, disse o assessor de Comunicação do Grupo João Lyra, Voney Malta. Questionado sobre Maceió, desconversa. “Nada está fechado”.
Nos bastidores, JL vem sendo preparado para suportar o tamanho dos arquivos tucanos contra a candidatura dele. Além do passado- a ligação dele com o assassinato do chefe da tributação estadual, Sílvio Vianna, morto em 1996- o mais recente: a ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), que acusa Lyra e um dos diretor do Grupo JL, Arnaldo Cansanção, de trabalho escravo na usina Laginha, em União dos Palmares.
Por enquanto, a resposta do parlamentar federal é: o silêncio.
Compromisso pela metade
É diferente da posição do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, e o prefeito Cícero Almeida.
No final de semana-antes de colocar o bloco na rua na segunda-feira, em obras da capital, levando Mosart Amaral debaixo dos braços como candidato do PMDB na disputa por Maceió- Renan teve uma conversa com Almeida.
“Menos gabinete e mais periferia”, disse Renan ao prefeito. “É o preço para viabilizar Mosart até abril”, emendou.
Só que o prefeito cumpriu apenas um compromisso público com Mosart- na prática, menos da metade do acordo com Renan. Pelo menos este é o saldo da primeira semana.
Nos bastidores, Almeida se divide em dois: apoiar JL na disputa por Maceió- o padrinho que o alçou na disputa em 2004; e seguir a orientação de Renan Calheiros, que diverge de JL.
A divisão do grupo de Calheiros/JL pode estar seguindo uma tendência adotada pelo outro lado: o do Palácio República dos Palmares.
O deputado Judson Cabral (PT), por exemplo, ao ser perguntado sobre os candidatos do grupo de oposição, coloca mais dúvidas que certezas-afuniladas até abril.
Do PT, o nome dele e do ex-deputado estadual Paulo Fernando dos Santos, o Paulão; do PT do B, a deputada federal Rosinha da Adefal; do PMDB, Mosart Amaral; do PDT, o ex-governador Ronaldo Lessa; e do PR, o deputado federal Maurício Quintella- que garante a candidatura, mesmo sem ter angariado os apoios do Governo e da oposição.
“A tendência do bloco é ter um nome, mas podem ser lançados dois”,resumiu o parlamentar estadual.
“Chegaremos a uma solução até o mês de abril”, disse Cabral.
É possível interpretar desta forma a posição dos dois lados: lançando, cada qual, dois candidatos- dos dois lados (ou até mesmo três, em cada polo), tucanos, psdistas ou pemedebistas querem levar a disputa ao segundo turno. Unindo as forças aos dois polos, no último tempo da votação.
Mapas eleitorais
Enquanto o PSD prepara o seu “calendário eleitoral”- como disse o assessor de imprensa do Grupo JL, Voney Malta- e o PMDB ainda traça o “mapa eleitoral” do Estado, nos entendimentos de Renan Calheiros, o presidente estadual do PSDB, Claudionor Araújo, está com o bloco na rua faz tempo. E com quase todos os municípios costurados nas articulações.
Na terça-feira, estava em Arapiraca- onde o PSDB terá o secretário de Articulação Política, Rogério Teófilo, na disputa pela Prefeitura; na quarta-feira, reuniu vereadores em Santana do Ipanema- apresentando o ex-deputado estadual Marcus Ferreira como o candidato do governador na cidade.
“Estamos organizados. Nossa meta é chegar a 20 prefeituras. Temos 42 pré-candidatos nas prefeituras alagoanas”, adiantou Araújo.
Até o início de abril, cinco integrantes do Governo do Estado se desligarão dos cargos comissionados e assumirão candidatura: o secretário de Agricultura, Jorge Dantas (o tucano disputa a Prefeitura de Pão de Açúcar); o diretor presidente da Agência de Defesa Agropecuária (Adeal), Manuel Tenório, será candidato a prefeito em Quebrangulo; a ex-assessora do governador, Adriana Toledo, vai disputar uma vaga à Câmara de Vereadores; o sub-secretário de Esportes, Jorge VI, também será candidato a uma das vagas à Casa de Mário Guimarães. E o secretário de Articulação Política, Rogério Teófilo, na disputa por Arapiraca.
Em União dos Palmares- celeiro eleitoral de João Lyra- o atrativo foi lançado a um doa cabos eleitorais mais poderosos do parlamentar federal: o ex-governador Manoel Gomes de Barros terá apoio o governador e vai disputar a Prefeitura.
Em Delmiro Gouveia, o deputado Inácio Loyola (PSDB) terá a compensação do governador, com o apoio do chefe do Executivo à mulher dele, Cáthia Lisboa Freitas- ex-deputada- que segue para bater chapa contra a família de Lula Cabeleira, tradicional na região e ligada a Renan Calheiros e ao senador Fernando Collor (PTB).
Em Matriz de Camaragibe, o advogado Daniel Lôbo vai tentar vencer o clã do prefeito de São Luiz do Quitunde, Cícero Cavalcante- ligado a Calheiros- no domínio da cidade há 15 anos.