Tucanos preparam arquivos para neutralizar campanha de JL à Prefeitura

Nos bastidores, JL vem sendo preparado para suportar o tamanho dos arquivos tucanos contra a candidatura dele

A entrada- sem aparição pública- do deputado federal João Lyra (PSD) na disputa pela Prefeitura de Maceió movimentou, nesta semana, dois polos divergentes da política local. Os liderados pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, que esta semana buscou lançar o secretário de Infraestrutura, Mosart Amaral, como o candidato do grupo de oposição ao Palácio República dos Palmares- e não quer JL na disputa.

E o próprio grupo do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), que prepara os deputados Jeferson Morais (DEM) e Rui Palmeira (PSDB) para a guerra contra um dos usineiros mais poderosos de Alagoas.

Para o presidente estadual do PSDB, Claudionor Araújo, Lyra é, sim, um dos adversários dos tucanos nas eleições deste ano. “Acredito que o João Lyra é um dos candidatos. Ele tem o objetivo de ser eleito para um cargo no Executivo. E ele conta com o apoio do prefeito Cícero Almeida”, disse.

JL não preocupa os tucanos, pelo menos na opinião de Claudionor. “Estamos bem com nossos candidatos. Temos no PSDB o Rui Palmeira: ético, com referência familiar”, resumiu.

“O PSD prepara um calendário eleitoral para os municípios”, disse o assessor de Comunicação do Grupo João Lyra, Voney Malta. Questionado sobre Maceió, desconversa. “Nada está fechado”.

Nos bastidores, JL vem sendo preparado para suportar o tamanho dos arquivos tucanos contra a candidatura dele. Além do passado- a ligação dele com o assassinato do chefe da tributação estadual, Sílvio Vianna, morto em 1996- o mais recente: a ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), que acusa Lyra e um dos diretor do Grupo JL, Arnaldo Cansanção, de trabalho escravo na usina Laginha, em União dos Palmares.

Por enquanto, a resposta do parlamentar federal é: o silêncio.

Compromisso pela metade

É diferente da posição do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, e o prefeito Cícero Almeida.

No final de semana-antes de colocar o bloco na rua na segunda-feira, em obras da capital, levando Mosart Amaral debaixo dos braços como candidato do PMDB na disputa por Maceió- Renan teve uma conversa com Almeida.

“Menos gabinete e mais periferia”, disse Renan ao prefeito. “É o preço para viabilizar Mosart até abril”, emendou.

Só que o prefeito cumpriu apenas um compromisso público com Mosart- na prática, menos da metade do acordo com Renan. Pelo menos este é o saldo da primeira semana.

Nos bastidores, Almeida se divide em dois: apoiar JL na disputa por Maceió- o padrinho que o alçou na disputa em 2004; e seguir a orientação de Renan Calheiros, que diverge de JL.

A divisão do grupo de Calheiros/JL pode estar seguindo uma tendência adotada pelo outro lado: o do Palácio República dos Palmares.

O deputado Judson Cabral (PT), por exemplo, ao ser perguntado sobre os candidatos do grupo de oposição, coloca mais dúvidas que certezas-afuniladas até abril.

Do PT, o nome dele e do ex-deputado estadual Paulo Fernando dos Santos, o Paulão; do PT do B, a deputada federal Rosinha da Adefal; do PMDB, Mosart Amaral; do PDT, o ex-governador Ronaldo Lessa; e do PR, o deputado federal Maurício Quintella- que garante a candidatura, mesmo sem ter angariado os apoios do Governo e da oposição.

“A tendência do bloco é ter um nome, mas podem ser lançados dois”,resumiu o parlamentar estadual.

“Chegaremos a uma solução até o mês de abril”, disse Cabral.

É possível interpretar desta forma a posição dos dois lados: lançando, cada qual, dois candidatos- dos dois lados (ou até mesmo três, em cada polo), tucanos, psdistas ou pemedebistas querem levar a disputa ao segundo turno. Unindo as forças aos dois polos, no último tempo da votação.

Mapas eleitorais

Enquanto o PSD prepara o seu “calendário eleitoral”- como disse o assessor de imprensa do Grupo JL, Voney Malta- e o PMDB ainda traça o “mapa eleitoral” do Estado, nos entendimentos de Renan Calheiros, o presidente estadual do PSDB, Claudionor Araújo, está com o bloco na rua faz tempo. E com quase todos os municípios costurados nas articulações.

Na terça-feira, estava em Arapiraca- onde o PSDB terá o secretário de Articulação Política, Rogério Teófilo, na disputa pela Prefeitura; na quarta-feira, reuniu vereadores em Santana do Ipanema- apresentando o ex-deputado estadual Marcus Ferreira como o candidato do governador na cidade.

“Estamos organizados. Nossa meta é chegar a 20 prefeituras. Temos 42 pré-candidatos nas prefeituras alagoanas”, adiantou Araújo.

Até o início de abril, cinco integrantes do Governo do Estado se desligarão dos cargos comissionados e assumirão candidatura: o secretário de Agricultura, Jorge Dantas (o tucano disputa a Prefeitura de Pão de Açúcar); o diretor presidente da Agência de Defesa Agropecuária (Adeal), Manuel Tenório, será candidato a prefeito em Quebrangulo; a ex-assessora do governador, Adriana Toledo, vai disputar uma vaga à Câmara de Vereadores; o sub-secretário de Esportes, Jorge VI, também será candidato a uma das vagas à Casa de Mário Guimarães. E o secretário de Articulação Política, Rogério Teófilo, na disputa por Arapiraca.

Em União dos Palmares- celeiro eleitoral de João Lyra- o atrativo foi lançado a um doa cabos eleitorais mais poderosos do parlamentar federal: o ex-governador Manoel Gomes de Barros terá apoio o governador e vai disputar a Prefeitura.

Em Delmiro Gouveia, o deputado Inácio Loyola (PSDB) terá a compensação do governador, com o apoio do chefe do Executivo à mulher dele, Cáthia Lisboa Freitas- ex-deputada- que segue para bater chapa contra a família de Lula Cabeleira, tradicional na região e ligada a Renan Calheiros e ao senador Fernando Collor (PTB).

Em Matriz de Camaragibe, o advogado Daniel Lôbo vai tentar vencer o clã do prefeito de São Luiz do Quitunde, Cícero Cavalcante- ligado a Calheiros- no domínio da cidade há 15 anos.

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