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Trocam-se empréstimos por emendas parlamentares, na Assembleia Legislativa

A aprovação de dois empréstimos- de R$ 1,1 bilhão- na Assembleia Legislativa, para os cofres do Governo de Alagoas, e a cobrança pelo pagamento dos emendas novamente voltou a movimentar a oposição, base aliada e o Palácio República dos Palmares.

Enquanto os deputados reclamavam do endividamento alagoano que coloca o Estado “na rota da falência”, conforme declarou o deputado Judson Cabral (PT), o governador em exercício, José Thomáz Nonô (DEM) defende que o dinheiro será transformado em investimentos para o Estado.

As declarações de Nonô foram dadas na última segunda-feira (19), pouco antes de receber, no Memorial da República, a medalha Marechal Deodoro da Fonseca.

“O empréstimo vai possibilitar fazer grandes investimentos em prol da sociedade alagoana. Acho que politicamente o Governo vai ficar mais bem visto ainda é é claro que isso incomoda a oposição. É um juizo político, respeitável, faz parte do jogo. Ele traduz o sentimento da oposição. Há quem  prefira que o Estado não o faça. Endividamento é nefasto quando é endividamento estéril, quando toma dinheiro para folha de pagamento ou coisa semelhante. Mas, para investir? Fazer nossas estradas? Para avançar na saúde? Acho que é altamente positivo”, disse Nonô.

Na terça-feira (20), horas após a conversa com a reportagem, a maioria dos deputados aprovou os empréstimos. Mas, na sessão, a oposição chiou. Judson Cabral fez as contas: os empréstimos do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES- R$ 611 milhões) mais os do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID- R$ 500 milhões) aumentam em mais R$ 1,1 bilhão a dívida de Alagoas, que passa da casa dos R$ 7 bilhões.

“Quero dizer ao governador Teotonio Vilela que ele coloca agora mais uma pá de cal nessa cova em que enterra o Estado de Alagoas com os pedidos de empréstimos”, disse o parlamentar.

Até a semana passada, somando todos os empréstimos, o Governo conseguiu R$ 2,3 bilhões. Com os dois novos débitos, são R$ 3,4 bilhões.

 

O empréstimo vai possibilitar fazer grandes investimentos em prol da sociedade alagoana, José Thomáz Nonô

“Ouvi dizer que bancada do Governo é quem nem macarrão. Quando leva o ‘calor’ do Governo, amolece”, Antônio Albuquerque

 

“Voto de forma consciente nesta matéria porque o Governo não fez debate esclarecedor com representantes do povo, tampouco detalhou como é que serão aplicados os recursos, ou como serão pagos”, afirmou.

O vice-presidente da Assembleia, Antônio Albuquerque (PT do B), falou das dívidas. Mas, aprovou novos débitos ao Governo alagoano.

“Novos empréstimos haverão de elevar essa dívida e o comprometimento de Alagoas com o pagamento de juros. Para nós, homens públicos, não pode deixar de haver preocupação. Dinheiro emprestado é dinheiro emprestado”. Argumentou que a verba seria transformada em obras sociais- e seguiu o entendimento dos governistas.

Emendas dividem Palácio e aliados

Só que o almoço palaciano, devorado pelos deputados, não foi de graça. E a comida nem esquentou no estômago. A cobrança veio na sessão de quarta-feira (21). Os parlamentares querem a aprovação das emendas.

Coube a Antônio Albuquerque o papel de gourmet legislativo:

“Ouvi dizer que bancada do Governo é quem nem macarrão. Quando leva o ‘calor’ do Governo, amolece”, disse.

Em silêncio, o líder do Governo, Edval Gaia (PSDB) engoliu e digeriu a seco as declarações. Não rebateu. E teve de ouvir as reclamações dos deputados, ávidos por dinheiro para seus celeiros eleitorais: Dudu Holanda (PSD), Ricardo Nezinho (PMDB), J.Cavalcante (PDT), Joãozinho Pereira (PSDB) e Gilvan Barros (PSDB)- o puxador das cobranças.

“A culpa é da base aliada do Governo aqui na Assembleia”, disse o integrante da oposição, Ronaldo Medeiros (PT). Segundo ele, os deputados aprovam os projetos do governador, sem questionamentos. E lembrou dos empréstimos. Sugeriu que os governistas abaixassem a margem de remanejamento de verbas estaduais, entre órgãos da administração direta e indireta, para 5%.

Nenhum governista quis pagar a conta de uma fatura tão alta. Nem o deputado Antônio Albuquerque.

“O Ronaldo Medeiros está iluminado. A culpa é do poder Legislativo, que não cumpre sua atribuição, abre mão de suas prerrogativas”, disse AA.

“Na aprovação do orçamento, do ano passado, eu disse que o Governo não pagaria as emendas. E não pagou. E eu digo mais uma vez: ele não vai pagar”, contou Albuquerque.

E, duas semanas antes do “aniversário” de cinco anos do estouro da Operação Taturana, o deputado disse que, sem as emendas, a função de parlamentar corre riscos, por causa das promessas aos eleitores.

“O deputado estadual perde a cada dia o seu valor. Por que votar em um deputado se ele não faz absolutamente nada?”, perguntou.

Na quarta-feira (21), instado a falar sobre o assunto, o governador em exercício, José Thomáz Nonô (DEM) disse que procuraria se inteirar do debate na Assembleia para falar sobre o assunto.

Entenda

Pela previsão estabelecida pelo Governo de Alagoas, o orçamento estimado, em 2013, será de R$ 7,1 bilhões.

São exatos R$ 7.152.516.403, meio bilhão a mais que em 2012.

As áreas prioritárias de investimento em 2013 serão a saúde, segurança pública e educação- R$ 1 bilhão.

Além da saúde, segurança pública e educação também serão priorizados os projetos estruturantes do programa Alagoas Tem Pressa, lançado no ano passado.

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