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Triste fim do Cepa e da gestão Adriano Soares na Educação

Caminhos do Cepa. Eles poderiam ser diferentes…

O vazio toma conta do maior complexo educacional da América Latina, na tarde desta quinta-feira (10). Não são apenas as férias que suspenderam as aulas no Cepa. Há um triste e melancólico fim na administração do secretário de Educação e Esportes, Adriano Soares da Costa. Ele tinha tudo para dar certo. E deu errado.

À frente de um dos cargos mais disputados em qualquer jogo eleitoral, Adriano Soares está isolado. Ao lado dele, apenas os comissionados- escolhidos por ele- e os elogiadores de ocasião, aqueles que falam bem de qualquer gestor, bastando-lhe a tinta na caneta.

O gabinete de Adriano Soares fica no Cepa. É o único movimento neste mês de janeiro, no moribundo centro educacional-modelo, com uma televisão, duas rádios, um teatro, duas pisicinas olímpicas, quadras cobertas (e abertas) poliesportivas, sala aberta de musculação e até um observatório astronômico.

A mudança era a última tentativa de aproveitar a reforma do prédio-sede da Educação e revolucionar o Cepa.

Triste fim de uma chance.

Adriano Soares nos oferece uma lição: administrar a educação em Alagoas não depende apenas de dinheiro. Mas vontade política.

O termo é um clichê. E essencial para entender a nossa diferença e de outros estados.

A direção do Sinteal em Alagoas se perpetua no poder há 30 anos. Com a saída de Lenilda Lima, enterrou-se em um discurso intimista, umbilical, sem contatos com os movimentos sociais, sem acordos com todos os professores e até mesmo isolando alguns deles que não têm as mesmas afinidades ideológicas com a direção.

Porém, a direção do Sinteal foi eleita por ordem democrática. E a gestão do secretário não usa a democracia ao afastar diretores das escolas públicas. Não usa a democracia ao assumir a presidência do Conselho Estadual de Educação sem eleição interna, por decreto, como o chavismo que nomeia ou demite, quando quer, os ministros do Superior Tribunal de Justiça.

Em 15 de março de 1835, o presidente da então província de Alagoas, José Joaquim Machado d’Oliveira, reclamava da situação dos professores. Há 175 anos atrás o assunto era o mesmo: os “mesquinhos ordenados” e o método Lancaster- o primeiro implementado no Brasil, separando o Brasil-Colônia e instituindo o Estado Nacional em pleno Império.

No Lancaster, o saber era básico, o monitor (quase sempre analfabeto) ensinava a até mil alunos em uma sala e garantia “a ordem e a civilização”.

Valia tudo para tolher as revoltas populares- incluindo os castigos aos alunos.

O método não funcionou em Alagoas, segundo o presidente, porque os professores-monitores viviam um “estado de acanhamento” intelectual. Eram “indolentes”, não “cumpriam seus deveres” para o “método dar certo”.

Adriano Soares culpa os opositores por seu novo método Lancaster. Não há mais os castigos físicos aos revoltosos. Eles são simbolizados. “A política do SINTEAL sempre foi de criticar a educação, falando mal da rede pública estadual”. O discurso de 1835 permanece vivo.

A equipe do secretário não avança em um método de humanização das escolas, não implantou o regime em tempo integral, não revoluciona áreas devassadas pela violência- elas, também, com escolas.

Reformar 163 prédios- enriquecendo construtoras- não alterou os resultados do Enem em Alagoas.

Esta é a política do concreto, tão combatida pelos tucanos ao se referir a Cícero Almeida.

A briga entre o Sinteal e Adriano Soares produziu ao menos um efeito positivo: o Cepa estava limpo, sem folhas das árvores ou lixo no chão nesta quinta-feira (10).

Como acontece aos cemitérios, em pleno dia de Finados.

2 respostas

  1. ENQUANTO PROFESSORES E POLICIAIS CIVIS E MILITARES QUE PRESTAM OS MAIS IMPORTANTES E RELEVANTES SERVIÇOS A SOCIEDADE NAO FOREM VALORIZADOS E CONTINUAREM RECEBENDO SALARIOS DE GARÍ A SOLUÇAO É MAQUIAR OS NUMEROS. NESSE GOVERNO SÓ USINEIROS É QUE ESTÃO SATISFEITOS,NEM IMPOSTOS PAGAM…

  2. Achei o texto bem realista. Revela uma forma de gestão que pouco leva em conta o conteúdo que se dá aos alunos. Eles deveriam ser a verdadeira razão pela qual a Secretaria de Educação existe, porém, virou uma fonte de renda e corrupção para alguns engravatados e seus parentes. Isso é lastimável.

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