Três semanas de angústia no Peru

Manoela Alcântara e Gizella Rodrigues- Correio Braziliense

O brasiliense Artur Paschoali, 19 anos, está desaparecido há três semanas. A família teve notícias do rapaz pela última vez em 21 de dezembro, quando ele informou ao irmão pelo Facebook que teria sido contratado em um restaurante, na vila Santa Teresa, no Peru. Como o rapaz não entrou em contato com a família no Natal nem em 31 de dezembro, os pais de Artur, Suzana e Wanderlan Pascoali, saíram do Brasil para procurá-lo. Desde então, eles buscam forças todos os dias para caminhar nove horas seguidas com os policiais pela região montanhosa. Otimistas, afirmam que não voltam a Brasília sem o filho.
O irmão mais velho de Artur, Felipe Paschoali, conversou com os pais na tarde de ontem. Eles contaram não ter recebido novas notícias sobre o paradeiro do rapaz, mas continuam a procura. “Muitas pessoas têm ligado, dado apoio, mas nenhuma dica. Mesmo assim, não estamos deixando a bola cair. Meus pais relataram que os locais de busca são inóspitos, mas vão persistir. Eles não saem de lá sem o Artur”, enfatizou. Os dois optaram por não falar com a imprensa durante as buscas. Eles ligam para o primogênito, responsável por repassar as informações para amigos, familiares e pessoas que se solidarizaram com o caso.

Boas vibrações
Quem está em Brasília se mobiliza para divulgar o desaparecimento pela internet. Com fotos, informações e reportagens disponibilizadas a respeito do caso, a expectativa é de receber informações que ajudem a encontrar o jovem. Além disso, o criador do evento Vamos achar Artur/#FindArtur no Facebook e amigo da família, Luan Freitas de Oliveira, 24 anos, conta com o pensamento positivo dos usuários da rede. “Pedimos boas vibrações, orações, não só pelo Artur, mas pelos pais dele, que passam por um momento difícil”, diz o amigo. O número de confirmações de comparecimento cresceu nos últimos dias. Em 3 de janeiro, eram 1.126 participantes do evento. Ontem, 8.453 estavam na página.

Quando o engenheiro criou o evento, pensava em chamar a atenção do Itamaraty, da mídia brasileira e da peruana. “Deu certo. Conseguimos um apoio muito forte. A polícia peruana tem dado um suporte muito bom, já há um adido do governo brasileiro no país e outros funcionários empenhados em ajudar. Estamos confiantes”, disse o rapaz. Há ainda, na rede de relacionamentos, uma página sobre Artur com fotos e informações. “Alguns amigos e familiares também mudaram a foto do perfil deles e colocaram a do Artur. Quanto mais o rosto dele for visto, melhor”, completou.

Buscas 
Em 21 de dezembro, Artur Paschoali informou a amigos que sairia para titar fotos nas montanhas. Deixou o restaurante no qual trabalhava, o Mr. Índio Feliz, e não entrou em contato com a família novamente. Uma moradora do povoado de Sahuayaco, a cerca de 100km de Santa Teresa, afirmou, aos pais do estudante, ter feito comida para ele em 28 de dezembro. Esta é a última notícia sobre Artur. As buscas pelo jovem são coordenadas pelas autoridades policiais peruanas e acompanhadas de perto pelo corpo diplomático brasileiro. Até o fechamento desta edição, não havia novidades, mesmo depois de a família do jovem ter oferecido recompensa a quem tivesse alguma informação sobre o paradeiro dele.

Dias de sofrimento

Outubro de 2012
Começa a expedição de Artur pela América Latina com destino à Guatemala. O rapaz decide parar no Peru para conhecer melhor o país. Fica um mês em Cusco, 20 dias em Águas Calientes e outros 10 na estrada

18 de dezembro
Após visitar o santuário de Machu Picchu, segue caminho para a cidade vizinha de Santa Teresa, situada aproximadamente 6,5 km a nordeste de Machu Picchu

21 de dezembro
Após se estabelecer em um restaurante, o Mr. Índio Feliz, Artur sai para tirar fotos em montanhas e não volta mais. Para a família, avisa que teria sido contratado como gerente do bar e que estava feliz. Depois disso, não dá mais notícias

31 de dezembro
Com a falta de contato, os pais de Artur, Suzana e Wanderlan Paschoali, partem para Santa Tereza a fim de acompanhar de perto as buscas pelo rapaz. Eles só chegam ao local em 2 de janeiro, devido à dificuldade de acesso à cidade

3 de janeiro
Pais do rapaz conseguem reunir dois grupos de voluntários para ajudar nas buscas. Eles se dividem e, durante todo o dia, caminham pelas montanhas ao longo do rio

4 de janeiro
O ministro Pedro Dalcero, encarregado de negócios da Embaixada do Brasil no Peru, é recebido pelo ministro do Interior peruano, Wilfredo Pedraz, para reforçar a cooperação entre os dois países na busca pelo jovem

Uma equipe multidisciplinar se incorpora ao time de policiais que busca o estudante. Compõem o grupo especialistas peruanos em resgastes em montanhas e na água, além de cães farejadores

Diplomata brasileiro designado para acompanhar o caso, Carlos Garcete chega à cidade com mapas em escala 1:25 mil, para ajudar as forças de salvamento no resgate

6 de janeiro
Uma moradora do povoado de Sahuayaco, a cerca de 100km de Santa Teresa, diz ter feito comida para o rapaz em 28 de dezembro

7 de janeiro
Oito policiais, lotados na capital Lima, chegam a Santa Teresa para ajudar nas buscas

8 de janeiro
A família de Artur oferece recompensa àqueles que ajudarem com informações que possam levar ao paradeiro do jovem estudante. Adido policial da embaixada brasileira é enviado ao país para ajudar na procura pelo rapaz

9 de janeiro
Pais de Artur caminham cerca de nove horas diárias em busca do filho

2 respostas

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