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Teixeirão acabou-se: bola não rola mais em estádio de Anadia


POR ANDRÉ ROCHA- Especial para o Repórter Nordeste

A bola não rola mais no Estádio Coronel Augusto Porto, o popular Teixeirão, em Anadia. Outrora, palco de verdadeiras batalhas épicas do futebol amador regional, teve em suas quatro linhas times que marcaram história, a exemplo da Associação Desportiva Anadiense (ADA), Esporte Clube Anadia (ECA), estes que dominavam o esporte amador na década de 70, além do Internacional (primeiro time anadiense a disputar a Segundona Alagoana), Flamenguinho, Botafogo, São Cristóvão, Anadiense FC, Vila Nova, Serrano, Sertãozinho, dentre tantos outros, que abrilhantavam as tardes de domingo. Mas a saudade está distante de ter um fim: a bola não rola mais no Teixeirão, não por falta de novos times, novos campeonatos, mas porque o palco está agonizando. Quem chega hoje no Estádio Coronel Augusto Porto percebe logo o cheiro fétido do abandono. Isso mesmo, o abandono no estádio tem cheiro: fezes e urina podre. Não há futebol no Municipal de Anadia, o que há em seu lugar é um local ermo, que serve apenas para necessidades fisiológicas, uso de drogas e prostituição. O que era um local para a prática de esportes, hoje está a beira de se tornar um problema de segurança pública. Não raro os relatos de quem teve seu celular roubado nas proximidades do estádio, ou nem se arriscou a passar por lá simplesmente por medo de ser assaltado por usuários de drogas que lá se escondem.

ABANDONO

A última reforma por qual passou o Teixeirão foi ainda no segundo mandato do já falecido Edmundo Dâmaso. Na ocasião, ganhou nova pintura, os vestiários e banheiros ganharam revestimento cerâmico e novas instalações hidráulicas. Naquele tempo, o estádio contava com o Sr. Raimundo, de saudosa memória, zelador full service que fez do Teixeirão sua morada. De lá pra cá, nada mais foi feito. Hoje, além de fezes e urina logo em sua entrada, o visitante que se arriscar a lá entrar verá um lugar onde reina o abandono e a destruição, que remete a ruínas de guerra. O alambrado que guarnecia as quatro linhas, bem como a mureta, já não existem mais. As traves tomaram destino ignorado. O mato tomou conta do campo de jogo, sendo controlado unicamente por uns burricos e vacas que insistem em pastar o capim que mais parece uma navalha. Não raro, incêndios varrem o mato seco, que não invadiram apenas uma pequena área de terreno onde duas finas traves de ferro, oriundas da AABB, persistem em lembrar que ali se praticava futebol. As bilheterias, vestiários, entrada, tudo se encontra destruído. O vandalismo encontrou ali, sem nenhuma resistência por parte do poder público, sua base, seu esconderijo.

TRISTEZA E REVOLTA

“É muito difícil ver a situação a qual chegou o Teixeirão”, afirma Edilson Duda, o Índio, morador da Chã da Mangabeira e atleta assíduo e contumaz dos tempos de ouro do estádio. Ele que jogou nos principais times amadores da cidade, coordena uma força-tarefa que pretende trazer de volta o Teixeirão para o uso população. Apesar das dificuldades tremendas, mantém-se otimista. “Pretendo juntar os amigos que jogaram uma vida inteira aqui no Teixeirão para discutirmos ideias que possam ajudar a tirar nossa arena da situação em que se encontra. O poder público mostrou que não liga para a causa, nem para o futebol amador municipal. Futebol e esporte não é só saúde e lazer, é também educação, pois ensina respeito e disciplina, é serviço social pois afasta os atletas das drogas e do álcool”, concluiu Índio.

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