TCU abre investigação por uso irregular de verba do SUS em Pão de Açúcar

O prefeito da cidade de Pão de Açúcar, Jasson Silva Gonçalves, deixa a administração pública na cidade com um presente de grego ao próximo gestor: um desvio de R$ 208.554,59 na área da saúde e uma investigação aberta, a pedido do Tribunal de Contas da União (TCU), que esta semana encaminhou ofício ao Fundo Nacional de Saúde para que o dinheiro seja devolvido aos cofres públicos.

A denúncia foi feita pelo Conselho Municipal da Saúde em Pão de Açúcar. O Fundo Nacional de Saúde tem 90 dias para constatar as irregularidades, com uso de verba federal, levantadas pelo conselho.

As irregularidades foram constatadas em relatório da auditoria 11551/2011- realizada pelo Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus)- feita em março deste ano. São citados nas irregularidades o prefeito Jasson, o secretário Municipal de Saúde, Meuze Alex Vieira Santana (que ficou no cargo entre 1 de janeiro de 2009 a 31 de maio de 2009) e seu sucessor na pasta, Pedro Vieira dos Anjos Filho (ficou na secretaria entre 1 de junho de 2009 a 09 de março de 2011).

No relatório do Denasus, o próprio Conselho Municipal de Saúde é criticado pelos técnicos que fizeram a auditoria, assinada pelo órgão que integra o Ministério da Saúde.

“O Conselho Municipal de Saúde não vem atuando devidamente e em tempo hábil no controle da execução de política de saúde, incluindo os aspectos econômicos e financeiros”, diz o relatório.

O documento de 113 páginas mostra como os recursos federais do SUS são administrados em Pão de Açúcar: ausência de documentação comprobatória de despesa; pagamento sem comprovação da carga horária e descumprimento de preceitos constitucionais; pagamento indevido de diárias a servidores que não pertencem aos quadros da secretaria; sobrepreço.

Os recursos na saúde eram usados para uma farra maior. Por exemplo: R$ 2.500 dos recursos da Atenção Básica “com pagamento de almoço e refrigerante sem a comprovação de eventos e a prestação dos serviços”.

Nas diárias, a festança com verba da saúde beneficiava não quem trabalhava na Secretaria de Saúde de Pão de Açúcar. Mas quem era contratado por outra Prefeitura, a de São Sebastião. Conforme o relatório, gastos de quase R$ 13 mil:

“Analisando os documentos comprobatórios das despesas (Notas de Empenhos, Ordens de Pagamentos e Notas Fiscais), no período auditado de 2009 e 2010 foram realizados diversos pagamentos referentes a diárias pagas a servidores contratados pela Prefeitura de São Sebastião autorizada pela Dsei/Al-SE- Distrito Sanitário Especial Indígena órgão diretamente ligado Coordenação Regional de Alagoas a Funasa sem os devidos procedimentos de concessão, no montante de R$ 12.963,20 (doze mil, novecentos e sessenta e três reais e vinte centavos)”, explica o documento.

As equipes do Ministério da Saúde pediram explicação para a gastança em diárias. Em ofício, a secretaria disse que o dinheiro foi gasto com equipes que trabalham em outras cidades para tribos de índios. Mas, segundo constatou o MS, a Secretaria de Saúde mentiu:

“Na região de Pão de Açúcar não vivem indígenas, logo, sequer poderia atuar o município complementarmente no custeio e na execução das ações de atenção ao índio, conforme especificado no inciso III, art. 14 da Portaria nº 2.656/07”, diz o relatório da auditoria.

Ficou constatado, também, o pagamento de R$ 56 mil a um médico na equipe multidisciplinar da Saúde indígena que não cumpria a carga horária exigida pelo programa.

Registros de irregularidade também foram constatados na contratação da empresa Nordeste Hospitalar. O sobrepreço na contratataçao foi de R$ 8.223,43.

“A Empresa Nordeste Hospitalar Ltda através de Declaração reconhecida em cartório data e 04/10/2011 admite o erro e aceita compensar o prejuízo causado ao ente público. A Declaração reconhece ressarcir R$ 7.659,24”, diz a empresa, em resposta aos auditores.

Em outro ponto do relatório, os técnicos do MS se dizem supresos quanto aos débitos nas contas correntes do Fundo Municipal de Saúde “sem a comprovação das despesas”: R$ 242.187,07. O prefeito Jasson justificou parte destes gastos, mas não convenceu os auditores. Sobrou uma dívida de R$ 123.578,96, em gastos não comprovados.

Segundo dizem os auditores, em 2009, Pão de Açúcar recebeu R$ 4,9 milhões (exatos R$ 4.925.871,79). Em 2010, R$ 5,1 milhões (exatos R$ 5.190.610,07).

4 respostas

  1. Tá explicado então, a falência do hospital e o motivo de tantas casas e festas feitas pelos “mamadores” da prefeitura…
    Que vergonha..

  2. será que esse dinheiro também foi usado para pagar a faculdade de NIDO e as festas de LÉIA BRAGA?????????

  3. De fato, isso tudo é uma vergonha para Pão de Açúcar. Como pode o senhor prefeito (médico) trazer tanto caus para a saúde pública de seus próprios conterrâneos. É por isso que ele diz que não tem dinheiro para aumentar o salário dos profissionais da Estrégia de Saúde da Família deixando o PSF chegar a um ano sem médico todos os dias – devido a greve. E não achando o bastante não pagar nem o transporte para as equipes se deslocar para o interior. Assim, com tantas farras, realmente não sobra dinheiro para nada mesmo. E o povo ainda quer continuar com essa gestão. Meu Deus onde vamos parar? Acordem!!

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