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Tácito Yuri: Desafio do próximo prefeito é outro olhar na segurança pública

O promotor Tácito Yuri diz o que todos sabemos: é preciso que o poder público tenha um olhar mais maduro e específico sobre a juventude, tão facilmente aliciada pelo mundo do crime.

Só que Yuri coloca esse desafio como um dos maiores para o próximo prefeito de Maceió.

É uma ousadia? Nem tanto para este personagem que estuda o mundo do crime e atua contra ele há tempos. Foi Tácito Yuri quem desbaratou os Ninjas, uma gangue de militares que atuava em União dos Palmares como matadores de aluguel. Os alvos também eram jovens marginais ou marginalizados e atraídos pelo mundo do crime.

“A violência na periferia de Maceió é coisa de deixar Tarantino inspirado”, diz este promotor.

Veja entrevista feita em duas etapas: antes do resultado do primeiro turno (da primeira a penúltima pergunta) e no dia 26 de novembro, no transcorrer do segundo turno eleitoral (última pergunta):

Você diz que vivemos uma carnificina. Explique melhor o seu conceito sobre o termo carnificina.

É algo mais ou menos normalizado. Passei vários anos trabalhosos em União dos Palmares, Rio Largo. Atuei muito na área da infância e juventude, no crime. No interior fui “clínico geral”, como se diz.

Está em Maceió há 5 meses, em uma das varas de crime, correto?

Isso. Essa violência específica na periferia merece um olhar igualmente específico. É coisa de deixar Tarantino inspirado. Vale a pena levantar alguns casos.

Por exemplo…

Pelas formas e motivos que os crimes são cometidos: controle territorial, narcotráfico, execuções sumárias definidas até mesmo no interior dos presídios…

Violência policial. Como enxerga o desenrolar deste tipo de crime? 

A nova safra de delegados e delegadas deu uma oxigenada nas policiais. O próprio perfil da PM mudou. Já tive muito trabalho com PMs, denunciei os “ninjas” em União dos Palmares.

Que lições tira disso?

Estou convencido da necessidade de uma ação de Estado para viabilizar a inclusão como desafio maior, além de aprimorar e humanizar a atividade policial, como o policiamento comunitário, por exemplo. Só que a tarefa de implementar programas de inclusão cabe sobretudo aos governos municipais. É preciso ver o que o poder público tem oferecido, além das escolas, como esporte, cultura e arte para a moçada.

Guarda municipal geralmente tem estrutura militarizada e está armada. Isso vem resolvendo os problemas na segurança?

Se não tiver preparo em direitos humanos, fica difícil.A experiência da PM nos conflitos agrários é um bom exemplo. Pude testemunhar a ação deles quando atuei na Vara de Conflitos Agrários. Mas parece que é um setor que não tem recebido o apoio que merece.

Você acompanha o debate eleitoral. O que achou ?

Não tenho acompanhado detalhadamente, mas pelo que tenho visto e ouvido o tema segurança e inclusão não tem recebido a ênfase que merece, até porque não é de hoje que sabemos que muitos políticos flertam com a violência, inclusive nos domínios territoriais etc.

E o desafio do futuro prefeito de Maceió no combate aos homicídios ?

Dedicar atenção à juventude da periferia, nos mais diversos aspectos: social, cultural, esportivo, programa de capacitação promocional. Atuar na prevenção da violência com programas específicos e em articulação com o Estado, a quem cabe a ação das polícias, com ênfase no policiamento comunitário. Valorizar as entidades sociais que atuam nas áreas mais afetas pela violência.

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