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Subversividade como política espírita

Houve um tempo no qual era comum acreditar que bastaria obedecer para salvar.

Legitimando o cordão azul do poder tudo estaria fluindo, ainda que a dor escondida pontuasse dores maiores e gerasse calamidades internas, o sorriso obediente do ouvinte espírita estaria alçando a experiência sensorial no rumo das estrelas.

Qual outro nome, senão alienação?

A inteligência não poderia consentir apenas e simplesmente, indefinidamente. E chegou o tempo de dialogar com mais respeito, olhando nos olhos com amor e estima, sem desqualificar a auto-estima.

De ouvintes a questionadores, buscamos dialogar sem medo.

Apesar das endurecidas crostas, as buscas nos ensinam sobre diferenças e divergências, como processos afetados por ideologias e crenças, por esta razão é necessário saber mais sobre as sociedades humanas e suas complexidades do que sobre a vida em mundos sutis, ou não.

Porque se ainda não fomos capazes enquanto espíritas, de conhecer com profundidade as sociedades terrenas e os desafios que o poder político e econômico movimentam em direção às vidas dos encarnados, como almejar as revelações sobre outros lugares cósmicos?

A cosmovisão de uma geopolítica que fomenta vida ou morte no planeta Terra, se torna mais necessária do que dissertações mediúnicas sobre a vida em Júpiter.

Por que temos deslocado os interesses imediatos, fechando os olhos para as fomes e mortes geradas pelos sistemas políticos mundanos, induzindo milhares a vagar suas esperanças pelas ruas imaginárias das colônias espirituais?

Não endossamos narrativas de culpas, débitos e pagamentos de promissórias cármicas, porque experimentamos libertar a experiência encarnatória de grilhões mentais autodepreciativos.

A maturidade do pensamento espírita é um chamado evolutivo de última hora, e para quem acredita em oportunidades divinas, talvez estejamos no momento mais propício deste século para produzir conhecimentos válidos para a vida em sua integralidade.

Não apenas interesse material e propósitos de consumo, ainda que estes se apliquem à manutenção e cuidados com o corpo, que é valioso. Mas acreditar e construir perspectivas que acolham as necessidades humanas como patrimônios de impacto na subjetividade, auxiliando os espíritos no rumo de bem viver, como encarnados, para que assim sigamos quando estejamos desencarnados.

Não mais a lógica espúria do sofrer na Terra para ser feliz no céu.

Mas anunciar uma narrativa amorosa que possa legitimar o bem estar social como um caminho fraterno de todas as jornadas, sendo reconhecidos como partes da poética eterna que reveza encarnações/desencarnações/reencarnações.

Abonar as almas sofredoras de suas promissórias arcaicas e exalar a esperança reencarnatória com seus cabedais de oportunidades, nos fará superar entraves seculares, geradores de cavernas e furnas, para ampliar pomares, jardins e prados floridos, no imaginário dos aprendizes.

Conhecer política é fundamental para optar pela luz da razão e vencer as trevas das desigualdades econômicas, culturais e sociais.

Que este lume possa ser exposto acima dos alqueires, para o despertar de cada um de nós, nas jornadas de encontros com o que haverá de definir as totalidades, com suas energias peculiares. Que acima de tudo, o amor liberte!

SOBRE O AUTOR

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