Da assessoria
Em 2020, ano em que se completa os dez anos de vigência da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que trazia como meta que até agosto de 2014 o Brasil deveria estar livre dos lixões, o país ainda enfrenta enormes desafios em relação à destinação final dos resíduos coletados, coleta seletiva e recuperação de materiais. Segundo análise do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2018/2019, feito pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a produção de lixo no Brasil tem avançado com rapidez: em 2018 foram, em média, 79 milhões de toneladas produzidas, fazendo do país o campeão na geração de lixo, quando comparado a outras nações da América Latina. Em Maceió, 16 mil domicílios recebem o serviço de coleta seletiva através de quatro cooperativas (Coopvila, Cooplum, Cooprel Antares e Cooprel Benedito Bentes), porém esse é um contingente pequeno em um município que, segundo o IBGE, contabiliza mais de 274 mil domicílios.
O país perde mais de R$ 3 bilhões por ano por não reciclar resíduos sólidos.
Apesar deste desperdício, o setor de reciclagem ainda consegue movimentar R$ 12 bilhões por ano; ou seja, é um negócio muito rentável e promissor e que
ainda auxilia a prevenir danos ao planeta. É pensando nesse panorama de grandes desafios e necessidades que o projeto Rede Reciclagem pretende
servir como ferramenta para ampliar a coleta seletiva na cidade de Maceió, conectando a população ao serviço de coleta seletiva de forma simples e eficaz, por meio de um aplicativo, que já está em fase final de desenvolvimento.
A ideia surgiu em 2014, a partir de uma iniciativa do Instituto para o Desenvolvimento das Alagoas (IDEAL), entidade sem fins lucrativos com caráter ambientalista, artístico, social, educacional e cultural, que há mais de seis anos trabalha com ações estratégicas na construção de alternativas socioeconômicas que garantam a qualidade de vida da população alagoana, em especial, das residentes nas regiões periféricas e em situação de vulnerabilidade social. “Nossa proposta é criar uma ferramenta tecnológica que sirva de apoio ao trabalho das cooperativas, auxiliando no trabalho que já é realizando e proponha uma expansão nas regiões da cidade que ainda não são atendidas. As pessoas que tiverem acesso ao aplicativo poderão ter acesso às áreas mapeadas que já contam com o serviço, e aquelas que residem em regiões que ainda não são atendidas poderão, a partir da coleta de seus dados, colaborar para a criação de novas rotas”, relata a presidente do Instituto IDEAL,
Isadora Padilha.
O projeto acabou sendo escolhido para participar da SOCIAL GOOD BRASIL LAB 2014, que selecionou 30 ideias de 285 inscritas em todo o Brasil, que propunham o uso da tecnologia para resolver problemas das cidades de forma sustentável e humanitária, sendo a única iniciativa de Alagoas a ser convocada.
Ao longo do tempo, a proposta cresceu e evoluiu para o formato de startup, com a marca Rede Reciclagem possuindo perfis próprios e ativos nas redes sociais, como Facebook e Instagram, publicando conteúdo original desenvolvido pela própria equipe do projeto contendo informações pertinentes sobre a coleta seletiva; e vem obtendo conquistas, como em 2018/2019, sendo um dos projetos contemplados no Prêmio de Inovação em Economia Circular pelo Projeto Maceió Mais Inclusiva, promovido pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade – IABS, o que permitiu a criação do aplicativo que em breve estará disponível para uso.
“O aplicativo já está em fase de testes. A partir dele, a plataforma da Rede Reciclagem irá oferecer ferramentas que vão contribuir para o aumento da adesão das pessoas com a coleta seletiva, pensando em cada pessoa que compõe esse ciclo: geradores, coletores e processadores de resíduos, o que irá diminuir o poder e influência de atravessadores e dinamizar a economia dentro do contexto da reciclagem, enfatizando a sua importância e conquistando o interesse de parceiros. Desta
forma vamos configurar um ciclo virtuoso, onde todos se beneficiam”, afirma o CEO da startup, Raphael Augusto, que garante o anúncio de muitas novidades
sobre a empreitada nos perfis de redes sociais da plataforma.
Além disso, com o surgimento da atual pandemia, a equipe se ocupou em redesenhar toda a proposta para seguir as condutas recomendadas pelas
autoridades sanitárias no combate ao novo Coronavírus, o que tornou a plataforma uma das contempladas no edital “Covid-19: Chamada Pública para Apoio a Ações Emergenciais junto às Populações Vulneráveis”, promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e que tem por objetivo contribuir para a mitigação dos efeitos da pandemia junto da população em situação de vulnerabilidade socioambiental, como é o caso de boa parte das catadoras e catadores de resíduos. Com isso, o projeto irá atuar em campanhas para atender as urgências que os enfrentamentos da crise sanitária estão trazendo para o ciclo de coleta seletiva e os trabalhadores que a constituem.
Com todas as questões contemporâneas de saúde e sustentabilidade do planeta, que mais do que nunca clama por equilíbrio, uma iniciativa que busca difundir a conscientização ambiental na população, incentivar sua participação na coleta seletiva, dar maior visibilidade e reconhecimento dos catadores das cooperativas, e facilitar o acesso a tudo isso por meio do ambiente digital, respeitando os protocolos sanitários durante a pandemia, como a plataforma Rede Reciclagem se propõe a ser, é mais que uma grande oportunidade que precisamos conhecer e utilizar: é urgência.
A REDE RECICLAGEM é uma plataforma digital que conecta pessoas com o trabalho de catadores e cooperativas do ciclo de resíduos, por uma cidade mais sustentável!
Saiba mais sobre a Rede Reciclagem pelos endereços:
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