Repórter Nordeste

Sobre as greves da PM

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Magno Francisco da Silva- professor de filosofia e membro da comissão nacional da Unidade Popular – UP, partido em processo de legalização

O Estado é um instrumento de dominação de classe.

Na nossa sociedade, a classe que domina a economia e o poder é a burguesia.

Logo, o Estado é burguês.

O aparelho militar do estado, forças armadas, PM e etc… tem como objetivo garantir o poder e a tranquilidade da burguesia, a segurança da propriedade privada dos meios de produção.

Assim, o papel do aparelho repressor do Estado nada tem a ver com a segurança dos pobres.

É importante destacar que o crime organizado é uma outra forma de negócio da burguesia.

Por exemplo, quem lucra de verdade com o tráfico com certeza não mora na favela.

O traficante da favela é apenas a ponta de lança do processo.

Também vale dizer que a violência é um negócio extremamente lucrativo.

Se gasta milhões em insegurança.

A burguesia precisa da violência pra ganhar mais dinheiro e criar um clima de terror, facilitando a sua dominação. O comando das PMs e dos governos sabem disso, é claro, mas como já disse aqui, não é o papel do Estado, da PM nem das forças armadas enfrentar a burguesia.

Além disso, para ter soldados que atendem comandos sem pensar, que batem e matam pobres, que agridem manifestantes, mas chamam bandido rico de “doutor”, a PM se tornou uma escola de fascismo.

É nesse contexto, da luta de classes, que devemos avaliar a greve das PMs do ES e do RJ. Nos últimos anos, temos acompanhado no Brasil os efeitos das políticas neoliberais de destruição dos serviços público. A PM, como parte do serviço público também sofre com essa situação, especialmente com baixos salários.

Para viver melhor, muitos PMs, inclusive nos comandos, procuram fazer um extra, e ai se inicia um processo ainda mais nefasto, pois passam a fazer parte diretamente do negócio lucrativo que é a violência.

Devemos ser contra ou a favor a greve das PMs?

A referência que devemos ter são os interesses do proletariado.

Para ter um caráter progressista, as greves da PM deveriam exigir: a derrubada dos governos da burguesia.

Infelizmente o que vemos é uma grande fidelidade a estes governos; o fim da militarização, inclusive pra garantir o direito de greve; política de distribuição de renda com a sociedade.

Quanto mais desigual, mais violenta a sociedade; punição e cadeia para os burgueses bandidos e seus políticos corruptos.

Nada disso se vê nessas greves das PMs que estão acontecendo no Brasil.

Definitivamente, não há nenhuma identidade entre os soldados e o restante dos explorados. Apenas se vê a exigência pelo fortalecimento do aparelho repressor.

Ora, nestas condições de caos social, 13 milhões de desempregados, o que vai significar fortalecer a repressão?

Vai significar mais mortes na periferia, mais violência contra manifestantes e líderes populares, mais agressão contra o povo.

No meio da crise a repressão exige melhores condições pra massacrar o povo e garantir o poder das elites.

Ademais, tenta-se criar um clima de terror social para que os PMs sejam vista como salvadores do povo.

Ora, é sabido que grande parte dos comandos das PMs, além de aliados íntimos dos políticos burgueses, são corruptos.

Essas greves das PMs do ES e do RJ nada tem de progressistas, pois não apresentam nenhuma, absolutamente nenhuma identidade com o povo, com os demais explorados. Apoiaremos greves de soldados, como ensina o hino dos trabalhadores, a Internacional, mas somente quando os soldados estiverem junto do povo contra a burguesia.

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