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Sob a ética da pacificação

Os movimentos humanos indicam que estamos tentando, rompendo em acordo com as possibilidades da hora, com muitas zonas de estagnação na busca por outros patamares de conforto íntimo. Há esperança para nós. No entanto, equívocos também nos rondam, indicando que muito ainda nos falta para nos reconhecermos na dimensão que possuímos todos, e esta insipiência é indicativo de que a luta terá continuidade.

Assim sendo, não chegou a hora de repousar conceitos fechados em nossos pensamentos, pois o parêntese aberto nos abrandará o julgamento.

A humanidade nos contém, a espiritualidade nos acolhe. Somos este amálgama.

A ética espírita se preservada em nossas vidas nos inspirará as margens de acerto. Não possuir a sentença nem nos entregar na construção de veredictos aliviará os canais para que sejamos mais poéticos em nossas construções, que por maiores nos pareçam, serão apenas humildes tentativas diante do que ainda poderemos fazer, até que o amadurecimento se torne marca indelével dos nosso caminhar.

Nossos limites são temporários, e outros ângulos serão alcançados quando estivermos prontos para aceitar a gama de responsabilidades que os horizontes nos trarão. Por hora, abracemos o que nos parece a motivação maior. E acalentemos as esperanças como espasmos intuitivos, sem medo, sem pressa, sem exigir o que ainda não conseguimos gerenciar em nós.

As transformações precisam da exata dosagem temporal para que vinguem. Desejar nem sempre é a melhor justificativa para que derrubemos as plataformas antigas, forçando o surgimento de bases novas na fase de maturação. Nem tudo pede impacto, derrubada, destruição. Mas o gesto amoroso em todos os instantes frutificará paz.

A sociedade desejada não vingará como produto de nenhuma expressão violenta, se o que buscamos for de fato a ampliação da paz.

As ideologias são energias que movimentam as atitudes, influenciam sentimentos e pensamentos, e pedem exercício de autodomínio, disciplina mental e emocional. Conhecer é desafiador em nossas vivências cortadas por inúmeras provas, expectativas e também ilusões.

Os vícios envernizados ainda estão conosco, disfarçados de virtudes. Para fomentar perspectivas sociais mais justas encontramos a cadeia dos vícios, cantando as práticas tribais de outrora em versões discursivas atualizadas, mas a rede é a mesma, exímia atravessadora de jornadas com seduções de controle, mando, domínio das causas e consequentemente, dos seres.

Mas o amadurecimento do espírito não será resultado da condução, e apenas a libertação poderá equilibrar desde o passado ao futuro, passando pelo hoje com olhares mais profundos e disposição de cruzar desertos interiores em nome do amor, da autonomia, da confiança suprema em Deus que não ironiza com nossa imperfeita disposição aos voos.

Neste caminhar toda pressa se torna risco de investir nas repetições quando precisamos descobrir o jeito  novo de utilizar nossos recursos, como humanidade espiritualizada que acreditamos ser.

Acolher o que somos pode ser o passo mais acertado, pois não reclama metas impossíveis.

As lutas societárias serão sempre nossas, estarão nos instigando outras pertenças, mas nenhuma luta que nos exija alienação da harmonia e cessação da paz merecerá a perda. Como espíritas contamos com a abençoada lembrança de que não estamos sós neste projeto, e muitas vezes o que se afigura ao mundo como derrota será a coroação da luz em nossas consciências.

A caridade é valor humanitário a ser partilhado aqui, seja com a benção da presença solidária ou até mesmo na ausência respeitosa. Não tornemos piegas a voz da pacificação nem acumulemos vaidades sobre filosofias viris, o tempo de amar é infinito.

Seja a vida a recompensa sobre as dores e a eternidade do espírito a motivação para o bem viver.

 

 

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