Sete tipos de dores de cabeça: identifique a gravidade e a ação indicada

Diário Catarinense

Praticamente todo mundo tem, hora ou outra, uma dorzinha chata de cabeça. Alguns procuram descansar, outros procuram um remédio para aliviar o sintoma, enfim, deve ser o estresse, uma enxaqueca, fome, nada grave, certo? Nem sempre.

Em alguns casos a dor de cabeça vem sinalizar um problema agudo e que exige intervenção médica imediata. Mas como separar o joio do trigo? Em que casos devemos correr para um pronto socorro e em quais podemos aguardar a evolução e marcar uma consulta com calma?

Segundo o Neurologista Leandro Teles, formado e especializado pela Universidade de São Paulo, existem alguns tipos de dor de cabeça mais preocupantes, é fundamental atentar para o padrão da dor, sua evolução no tempo, os sintomas associados e o contexto que gerou seu aparecimento.

O especialista organizou de maneira objetiva e didática os principais sinais de gravidade explicando porque nestes casos não dá pra esperar.

1 – DOR DE CABEÇA SÚBITA

Um dor de cabeça repentina, explosiva, que atinge seu ápice de intensidade em poucos segundos, é muito preocupante. Para o médico que escuta esse tipo de queixa fica o receio da ruptura ou distensão de um aneurisma cerebral (que é uma dilatação de uma artéria que pode eventualmente romper durante a vida). As dores mais comuns e benignas geralmente começam mais leves e a intensidade aumenta progressivamente em minutos a horas.

2 – DOR DE CABEÇA COM SINTOMAS NEUROLÓGICOS ASSOCIADOS

Sempre que a dor vier acompanhada de outro sintoma neurológico focal o atendimento deve ser imediato. Atentar para fraqueza muscular em alguma parte do corpo, alteração de sensibilidade, confusão mental, alteração visual ou dificuldade para falar ou caminhar. Nestes casos o receio é que haja algumas coisas causando a dor e alterando a função de alguma parte do cérebro, como tumores, abcessos, sangramentos, isquemias, trombose, etc.

3 – DOR DE CABEÇA COM SINAIS DE INFECÇÃO

Preste muita atenção e corra para um médico se sua dor de cabeça for acompanhada de febre, dores no corpo, náuseas, dificuldade de movimentar o pescoço, manchas pelo corpo ou mesmo calafrios. Esse tipo de associação pode significar uma meningite, um abscesso cerebral, uma sinusite ou mesmo dengue. Obviamente que infecções mais leves também podem causar dor na cabeça e mal estar, como gripes e diarreias virais, mas nestes casos o médico saberá como diferenciá-las.

4 – DOR DE CABEÇA QUE SURGE DURANTE ESFORÇO FÍSICO OU ATIVIDADE SEXUAL

Em casos em que a dor iniciou-se durante o esforço ou atividade sexual novamente surge o temor da distensão ou ruptura de um aneurisma cerebral (o esforço aumenta a pressão nesse vaso e pode predispor ao seu rompimento). Identificada essa associação temporal entre a atividade e o início da dor uma investigação mais detalhada precisa ser feita para tranquilizar o médico e o paciente.

5 – DOR DE CABEÇA EM PESSOAS MAIS DEBILITADAS

Dores em pessoas acima de 60 anos, antecedente de tumores, problemas de coagulação, imunidade baixa, gestantes, criança pequenas, merecem uma atenção toda especial. Nesses pacientes a fragilidade torna a ocorrência de um problema preocupante mais provável do que na população geral. Por isso, todo o cuidado com eles é pouco.

6 – DOR DE CABEÇA PROGRESSIVA

Aquela dor que acomete o paciente diariamente e que mostra-se pior a cada dia é, sem sombra de dúvida, um bom motivo para procurar rapidamente um neurologista. Esse tipo de evolução arrastada e progressiva é típica de lesões que ocupam espaço dentro do crânio, como tumores, trombose venosa, abscesso, etc. Esse comportamento não é tão comum para enxaquecas e dores de cabeça tensionais, que geralmente mostram períodos de piora intercalados com melhora ou, eventualmente, uma dor de cabeça diária, mas estável (não progressiva).

7 – DOR DE CABEÇA APÓS TRAUMATISMO CRANIANO

Muito cuidado com dores que surgem após traumatismo relevante na cabeça. O trauma pode gerar inchaço, contusões e mesmo sangramentos dentro e em torno do cérebro. As pessoas mais sujeitas a complicações de trauma são os idosos, as crianças pequenas e os alcoólatras. Atente para a dor que ocorre fora do local exato da batida, para sintomas neurológicos como confusão e sonolência, para secreção saindo do ouvido ou pelo nariz (surgida após a pancada) e hematomas atrás da orelha ou abaixo dos olhos (sinais de traumas mais intensos). Na dúvida é sempre melhor conduzir essas pessoas a um pronto atendimento.

É importante destacar que essas são dicas gerais e não regras absolutas. Sempre que a dor de cabeça incomodar muito a ponto de alterar o ritmo de vida é fundamental procurar ajuda especializada e de confiança para se certificar do diagnóstico exato e programar o tratamento o quanto antes (mesmo que ela não preencha nenhum critério citado acima).

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