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Sem crise: Prefeitura dos Calheiros gasta R$ 1 milhão, em combustível, sem licitação

Enquanto a crise financeira preocupa as prefeituras e as empresas, na cidade de Murici- devastada pelas cheias de 2010- a recuperação dos cofres públicos impressiona: um posto de combustíveis, com autorização para funcionar dois meses antes das cheias, conseguiu abocanhar os principais contratos da Prefeitura da cidade- administrada há 30 anos por familiares do senador Renan Calheiros (PMDB). Todos os contratos são emergenciais- sem licitação. É quase um milhão de reais, em apenas três meses.

O Auto Posto Nillo Verde Ltda recebeu autorização para funcionar- via Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)- em 5 de abril de 2010.

Em 26 de outubro do ano passado, assinou os primeiros contratos sem licitação e emergenciais, somando, exatos, R$ 270.590. Todos os contratos foram assinados com a Prefeitura de Murici. Os primeiros foram com as secretarias de Obras e Urbanismo, Administração, Meio Ambiente e Agricultura e Assistência Social: R$ 55.515, por 75 dias “emergenciais” de combustivel. No mesmo dia, a Secretaria de Educação (R$ 132.850, por 75 dias); Saúde (R$ 55.510, também 75 dias); e o Hospital Municipal Dagoberto Uchôa Lopes Omena (R$ 26.720, também 75 dias).

O prazo acabou nesta segunda-feira, 14. E a Prefeitura voltou a assinar novos contratos emergenciais, e também sem licitação, estendendo por mais 90 dias. Ou três meses. São os mesmos órgãos públicos, mudam apenas os valores. São mais caros.

O Hospital Dagoberto assinou contrato, para fornecimento de combustível, de R$ 57.350. Mais R$ 237.500, sem licitação e emergencialmente, para a Prefeitura, também por três meses. A Secretaria de Educação, R$ 209.350. E a Saúde, R$ 136.300.

Total destes contratos, só em janeiro: R$ 640.500.

Somando os contratos de outubro e os de janeiro, o Auto Posto Nillo Verde Ltda faturou, exatos, R$ 911.090.

Por outro lado, 15 cidades de Alagoas decretaram situação de emergência. O argumento: não tem dinheiro para pagar os fornecedores, acordados com as gestões passadas. O decreto também abre a possibilidade dos prefeitos contratarem sem licitação. Como em Murici.

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