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Se o kit gay do Bolsonaro era verdade, por que o coronavírus não é uma grande farsa?

Jair Bolsonaro conseguiu: ele convenceu uma parte da população que o coronavírus faz parte de uma conspiração da China para derrubar os mercados pelo mundo; que o objetivo é vender álcool em gel; que a questão é política- ou seja, existe uma tentativa de derrubá-lo da presidência, vinda de seus inimigos, dos governadores, dos presidente da Câmara e do Senado.

É um discurso coerente, nas malucas linhas tortas escritas pelo bolsonarismo, que vai de encontro ao que os próprios técnicos do Governo mostram na prática- reconhecendo a gravidade da pandemia.

O resultado é um país dividido: os que desacreditam na ciência e se alimentam do Gabinete do Ódio tentam, a todo custo, impor uma perigosa normalidade na massa. Os que acreditam estão onde estão, porém, sem ajuda, acabam ficando a reboque das escolhas dos outros.

Silas Malafaia, Edir Macedo e até Divaldo Pereira Franco (no Espiritismo) discreta ou escancaradamente endossam o discurso anti-ciência de Bolsonaro. Talvez porque o presidente está preocupado com a superexposição de Luiz Mandetta, seu ministro da Saúde, que mostra ter atitudes de estadista maiores que a de seu chefe.

Isso, porém, não chega aos ouvidos de todos. Porque as falas são selecionadas. Tudo é medido para senso comum, o absurdo é fabricado em muitos lotes para, talvez, boa parte deste produto chegar a viralizar no Whatsapp.

Afinal, se as pessoas acreditaram no kit gay como obra do PT para transformar crianças em gays, por que elas não podem também acreditar que o coronavírus é uma conspiração da China para dominar o mundo?

Vai vendo os efeitos.

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